Rei Lear, de William Shakespeare.

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Que triste espetáculo é este das pessoas que se tornam velhas antes de ficarem sábias. Esta é a história de um rei velho, que por distração, burrice, vaidade ou coisa que o valha, dividiu todo o território que governava entre suas três filhas. Esta é a história de Lear, o Rei da Bretanha, que achou que promover uma partilha íntima entre seus parentes pudesse ser coisa coerente com quem tinha como dever primeiro liderar uma nação.

Lá está ele, Rei Lear de William Shakespeare, Batendo-se com a fúria dos elementos, rogando ao vento que arremesse a terra ao mar, ou inunde o continente com suas vastas vagas para que tudo se altere e cesse. Ele arranca os cabelos brancos que o impetuoso vento colérico e cego em sua fúria agarra e converte em nada. E ri no seu mundinho humano do ir e vir hostil do vento e da chuva. Numa noite em que, sugada pela cria, a ursa busca a toca, e o lobo esquálido e o leão resguardam a pelagem da umidade, ele corre, exposto, berrando que o primeiro lance leva tudo. Somente eu, o bobo, tentando abafar-lhe a dor no coração com troças e gracejos..., com alguma melodia bonitinha.

Shakespeare é o grande decifrador da alma humana. Seja na Inglaterra elisabetana ou no Brasil de hoje, ele permanece sempre vivo, bastante próximo a cada um de nós. Um programa que mistura palavras e sons, paisagens sonoras e músicas, tudo para fazer ecoar o maior poeta e dramaturgo de todos os tempos.