Episódio 4 – Claude Monet, o mestre do Impressionismo
No ar – quinta-feira, dia 15/06 às 23h e reprise no sábado, dia 17/06, às 9h.
15/06/2023 23h00
Ouça o programa completo:
França. Estamos no ano de 1890. O cenário é o vilarejo de Giverny em uma tarde de primavera. A centenas de quilômetros dali a classe operária comemora a criação do feriado do dia Primeiro de Maio. O movimento iniciado décadas antes pela Revolução Industrial alterava de forma irreversível os pilares da sociedade. Mas nenhuma agitação parecia perturbar a calmaria do vilarejo de Giverny. O Rio Senna corria ali perto com suas águas preguiçosas, já muito distantes da correnteza apressada do centro urbano de Paris. Neste endereço interiorano existe uma pequena granja, uma construção discreta, quase humilde. Uma edificação que se estivesse no centro de uma partitura musical seria uma pausa em meio aos arpejos da orquestra.
Pense numa paisagem, mas pense sobretudo no Tempo agindo sobre os elementos desta paisagem. Mesmo que fosse possível registrar cada instante daquilo que vemos, estaríamos sempre em descompasso com a dinâmica ininterrupta do escoamento do tempo. Nosso olhar privilegiado é também atingido por essa força que a tudo faz transformar. Assim, uma reprodução fiel desta paisagem não seria a sua cópia, mas a sensação do intervalo entre um instante e outro. Um borrão é mais honesto do que a limpidez das cores em conformidade com as proporções. Se o mundo fosse uma Grande Orquestra seria o Tempo o regente de todas as sinfonias. É por intermédio dele que os naipes dos instrumentos são autorizados a entrar e sair de cena. É o Tempo quem nos indica a incompletude da vida. Do seu compasso nunca estamos indiferentes...
A pintura é incompleta quase a ponto de estar fora de foco. E esse é o grande triunfo do pintor Claude Monet. Não importa que prédios, água e céu se dissolvam em uma paisagem nebulosa. É justamente essa falta de definição que preenche a cena de vida. É justamente por aí que a imaginação do espectador é acionada, sendo ele atraído para a narrativa da pintura como se ela fosse um filme em movimento, como se a imagem estivesse na iminência de avançar para outro quadro.
Quem gosta de música clássica deverá encontrar uma preciosa oportunidade para experimentar a intersecção entre artes compostas por linguagens diversas. Ainda que restritas às suas respectivas ferramentas poéticas: cores, timbres e palavras podem convergir para erguer um entendimento comum sobre a natureza humana. É nesta simbiose entre dramaturgia, música e pintura que o programa A Grande Orquestra do Mundo & Os Maestros da Pintura pretende mergulhar.
O programa A Grande Orquestra do Mundo & Os Maestros da Pintura vai ao ar na Cultura FM às quintas-feiras no horário das 23h, com reprise aos sábados às 9 da manhã.
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