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Hoje aqui no programa a gente faz uma parada pela Vanguarda Paulista, nome pelo qual ficou conhecida uma cena liderada por um grupo de músicos, artistas e produtores mais ligados à MPB e muito atuantes entre os anos de 1979 e 1986. Um período em que o Brasil vivia a movimentação política pelo início da anistia de presos e exilados políticos e as manifestações pelas Diretas Já.

Eram bandas e autores que não admitiam concessões artísticas e interferências em suas obras, batendo de frente com o modelo comercial em favor da liberdade criativa e da condução da carreira. O experimentalismo ultrapassava os limites do ouvido comum, exigindo do ouvinte certo treino e repertório com abertura para certas esquisitices no melhor dos sentidos. Letras teatralizadas em enredos nonsense declamadas sob efeito de dissonâncias e atonalidades, conteúdos satíricos de deboche às atividades prosaicas faziam humor com as cenas do cotidiano. Em comum em todos os casos, ótimos músicos, letristas e um lugar; o centro cultural Lira Paulistana em São Paulo, que além de espaço para shows, era também um selo musical e um jornal de divulgação da contracultura.

Para começar essa edição do Caixa Acústica, duas das maiores referências vanguardistas na música popular brasileira em seus discos de estreia. O icônico “Clara Crocodilo” de Arrigo Barnabé, álbum que descreve em cenas e imagens construídas na cabeça do ouvinte a vida degradante e neurótica dos grandes centros urbanos e seus personagens marginais. A programação musical conta ainda com Itamar Assumpção, Tiago Araripe, Eliete Negreiros, Tetê Espíndola, Premeditando o Breque, os grupos Um e Rumo e a Patife Band.

Entre os depoimentos que nos ajudam a recompor esse cenário estão Eliete Negreiros, Wandi (Premeditando o Breque), Tiago Araripe, Ná Ozzetti (grupo Rumo) e Paulo Barnabé (Patife Band).