Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Foto de  Marco Borggreve
Foto de Marco Borggreve Robin Ticciati

Richard Strauss (1864-1949) não tem competidor no panorama da criação musical do século 20: é o compositor mais executado nas salas de concerto, graças a mais de uma dezena de poemas sinfônicos; é ainda um campeão nas casas de ópera, por obras-primas como “Salomé”, “Elektra” e “Cavaleiro da Rosa”; e desfruta de lugar privilegiado entre os maiores cultores do lied – a canção culta para voz e piano, gênero essencialmente austro-germânico --, com suas cerca de 200 canções.

O CD desta semana, de certo modo, preenche cada um destes gêneros com o que ele fez de melhor. No universo dos poemas sinfônicos, duas obras-primas absolutamente díspares entre si: fez um retrato musical do maior conquistador de todos os tempos, “Don Juan”, seu opus 20, quando tinha 24 anos, em 1888; e escreveu “Morte e Transfiguração” no mesmo ano. Foi seu opus 24, que descreve a situação de um doente à espera da morte, e que encontra na passagem a redenção. Procurado pelos que queriam saber se havia algo de autobiográfico neste tema, Strauss foi direto: “Não. Morte e Transfiguração é um produto da minha imaginação. Após Don Juan, que começa em tom maior e termina em menor, queria compor algo que começasse numa tonalidade menor e concluísse em maior”. Tons maiores igual a alegria, festa; tons menores igual a tristeza, sofrimento.

A cereja neste encorpado álbum do regente britânico Robin Ticciati à frente da Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim são os magnificentes seis lieder opus 68, que ele compôs com acompanhamento de piano em 1918, ao término da Primeira Guerra Mundial, e orquestrou mais de duas décadas depois. Eles ficaram conhecidos como os “Brentano lieder”, em referência ao autor dos poemas. Srauss escreveu-os especialmente para a soprano coloratura Elisabeth Schumann [coloratura remete à voz de soprano potente nos agudos e ao mesmo tempo capaz de virtuosísticos ornamentos vocais]. Ouça, por exemplo, a faixa 6, “Amor” e você terá uma ideia das pirotecnias vocais. A soprano coloratura Louise Alder, que canta neste álbum, qualifica como “diabólicos” os Brentano lieder, por causa das dificuldades técnicas para uma correta performance – desafio do qual ela se sai vencedora.

Quanto a Ticciati, sua regência numa recente montagem do Cavaleiro da Rosa no Festival de Glyndebourne foi muito elogiada pela crítica. E, já em sua quarta temporada com esta excelente orquestra alemã, chega agora a seu quinto álbum realizando interpretações que podem se ombrear com as melhores existentes. E olhem que estou falando de centenas de outros registros.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.