Ottorino Respighi (1879-1936) foi um dos compositores que realizaram o sonho mussoliniano de uma música nacionalista celebrando as glórias históricas e a natureza da Itália fascista, com seu famoso tríptico de suítes sinfônicas Fontane di Roma, Pini di Roma e Feste Romane. Foi com estas obras que John Neschling e a Osesp construíram um bem-sucedido CD para a BIS em 2008. A gravação foi lançada em 2010.
De lá para cá, e após uma aventura inicialmente bem-sucedida porém concluída num clima de mal-estar por causa de uma CPI envolvendo o Teatro Municipal de São Paulo, o regente brasileiro, ora radicado na Europa, continua a fazer o mapeamento da obra de Respighi, só que com outra orquestra, a Filarmônica de Liège, na Bélgica. Continua também a parceria estreita do maestro com a gravadora sueca BIS – um casamento que vem desde seus tempos de Osesp.
Pela BIS, ele gravou em 2014 “La Boutique Fantasque” e um interessantíssimo tríptico curto intitulado “Impressioni Brasiliane”, que incluía provavelmente a única vez em que o Instituto Butantã, hoje produzindo a bem-vinda Coronavac, foi objeto de uma composição musical.
Outros álbuns se sucederam, sempre dedicados a Respighi: “Metamorphoseon”, em 2015; “Sinfonia Drammatica”, em 2016, o “Trittico Botticelliano” em 2018. E agora, possivelmente a mais curiosa das aventuras respighianas de Neschling: um álbum dedicado s transcrições sinfônicas. Embalado pelo sucesso do tríptico romano, Respighi ganhou fama internacional como orquestrador de primeira. Entre 1928 e 1929, Arturo Toscanini e Sergei Koussevitzky – então comandando orquestras respetivamente em Nova York e Boston, nos Estados Unidos -- fizeram-lhe encomendas. Um pediu-lhe orquestrações de obras para órgão de Bach; o outro de cinco “Études-Tableaux”, peças para piano de Rachmaninov.
A “Passacaglia em dó menor”, que Stokowski já transcrevera antes antes, transformou-se num grande sucesso nesta versão de Respighi by Toscanini. Ontem como hoje os maestros competem acirradamente entre si para marcar diferenciais. A transcrição de Respighi inclui até órgão na Passacaglia.
O sucesso alcançado pelo capo italiano levou Koussevitzky a imitá-lo. Mas optou pelas encantadoras peças para piano de seu compatriota Rachmaninov.
Durante esta semana, os ouvintes da Cultura FM podem saborear quantas vezes quiserem este atraente e original quinto álbum lançado por John Neschling, à frente da Filarmônica de Liège, do quintto dedicado a obras de Ottorino Respighi. Sempre pela BIS.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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