Fundação Padre Anchieta

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Foto de Jen Owens (Divulgação)
Foto de Jen Owens (Divulgação) Dunedin Consort

“Já tenho o suficiente.” Esta foi a frase pronunciada pelo personagem bíblico Simeão após contemplar o menino Jesus. “Agora posso morrer em paz”, completou. A partir deste episódio, Johann Sebastian Bach (1685-1750) construiu uma de suas mais belas cantatas, entre as cerca de duas centenas que chegaram até nós. John Butt a escolheu para abrir um dos mais belos álbuns que já ouvi, com três cantatas – BWV 82, 32 e 106 – que, quando ouvidas na sequência, compõem um itinerário da escuridão à luz. Uma boa descrição do que o mundo vive desde março de 2020 e que agora parece estar caminhando rumo à volta à normalidade.

Aos 61 anos, Butt é professor em Glasgow e diretor do Dunedin Consort em Edinburgh. Vem dedicando sua vida ao estudo e gravação de obras de Bach, um rápido comentário sobre cada uma das cantatas.

A BWV 82 foi composta em 1727 em Leipzig, e prevê, além do baixo-barítono solista, também oboé. Cordas e contínuo são coadjuvantes. É uma das mais conhecidas cantatas bachianas e foi composta para a festa da purificação de Maria. O evangelho de Sâo Lucas descreve a apresentação de Jesus no templo por Maria. O episódio do ancião Simeão é descrito no evangelho: o Espírito Santo anunciou-lhe que antes de morrer veria o Messias. A primeira ária é emocionante, pelo modo como Bach entrelaça a voz solista com o oboé: brilham intensamente o baixo-barítono Matthew Brook e a oboísta Alexandra Bellamy Cantata curta, com três árias e dois recitativos.

A Cantata BWV 32, “Jesus bem-amado, minha esperança”, foi composta um ano antes, 1726, é a mais encorpada. Prevê baixo e soprano solistas, oboé, coro, cordas e contínuo. Aqui Brook contracena com a soprano Joanne Lunn. Eles travam um diálogo em que Brook personifica Jesus e Joanne a alma.

A terceira cantata do álbum, BWV 106, conhecida como “Actus Tragicus”, intitula-se “O reino de Deus é o melhor de todos”, e provavelmente foi composta entre 1707/08, em Mühlhausen. Aqui o coro é a estrela. Ele se encarrega de dois corais assinados por Martinho Lutero, o artífice da Reforma, e Adam Reusner. O acompanhamento prevê duas flautas doces, 2 violas da gamba e contínuo. Celebra a morte como rito de passagem para a vida eterna. Daí a doçura que se sente já na instrumentação: duas flautas doces e duas violas da gamba de sonoridade especialmente adocicada.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.