Ouça o álbum completo:
A viola, antigo instrumento de cordas e espelho com trastes, e tocada com arco, foi presumivelmente introduzida na Europa via Espanha, durante o Renascimento. Ela chegou primeiro à Espanha via o domínio multissecular dos mouros na península ibérica. Durante a época elisabetana na Inglaterra, experimentou uma era de ouro com os “consorts of viols”.
Esta é a explicação para uma bela ideia que se transformou no recém-lançado álbum “Habanera”: a sacada é assinada pelo barítono Roderick Williams e a violoncelista Joely Koos, diretores artísticos do Festival de Música de Verão de Endellion de 2023, nesta cidade inglesa. Só que eles substituíram as violas por violoncelos e voz. A cantora convidada foi a soprano anglo-espanhola Ana Beard Fernández.
Este é o CD desta semana na Cultura FM. Mas cá entre nós, acho que a ideia bem pode ter nascido a partir da admiração dos músicos e cantores pela Bachianas Brasileiras no. 5, obra-prima absoluta que Villa-Lobos compôs em 1938 e dedicou a sua segunda mulher, Mindinha. Villa escreveu para soprano e oito violoncelos. Pois é este o grupo que acompanha Ana Beard Fernández neste álbum muito saboroso, que começa, claro, com Villa-Lobos. E depois segue com dois dos ciclos mais aclamados de canções espanholas: as “Sete Canciones” de Manuel de Falla e as “Cinco Canciones Negras” de Xavier de Montsalvatge. Passa pela primeira das “Seis Canções Espanholas” de Shostakovich e pela célebre “Vocalise”, de Ravel. Até as “Florestas aprazíveis” de Rameau, compositor francês do século 18, são revisitadas.
Tudo em arranjos villa-lobianos para ensemble de violoncelos e voz.
REDES SOCIAIS