Palavra-chave da cultura pós-pandemia será hibridismo

Ouça a entrevista completa com Eduardo Saron:

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Os desafios enfrentados pelos profissionais da arte e da cultura durante a pandemia de covid-19 apontam para novos caminhos de produção, em que ações virtuais serão agregadas a atividades presenciais. Muitas experiências desse último ano vão ficar, acredita Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Mas ele ressalta que a utilização dos meios remotos será mais criteriosa e planejada, indo além das transmissões. “Agregar por meio desse hibridismo e não sobrepor, com muita interação, qualidade e profissionalismo é o que ficará no pós-pandemia”, resume Saron.

Há um ano, no dia 2 de março, quando o programa Estação Cultura entrava no ar, o primeiro caso de covid-19 já havia sido detectado no país. Na semana seguinte a Organização Mundial de Saúde declarava a pandemia mundial do novo coronavírus. E logo, em efeito cascata, casas de shows, galerias e teatros começavam a ser fechados até a interrupção total das atividades presenciais.

Em São Paulo, o Itaú Cultural foi um dos primeiros a reagir à situação e a elaborar uma programação virtual, iniciativa replicada por outras instituições e artistas nos meses que se seguiram. O ambiente online tornou-se o grande aliado de artistas e do público. Para Eduardo Saron, a pandemia antecipou formas de se conectar pelo meio virtual, aprofundou experiências pontuais e fez o setor correr contra o tempo para oferecer conteúdo ao público. “ A arte e a cultura, sempre muito criativas, deram respostas muito potentes. Produtores caminharam para apresentar atividades, mesmo de forma precária num primeiro momento, para depois ajustarem a qualidade”.

Enquanto disponibilizava programação online para o público, o Itaú Cultural também olhava para os impactos da pandemia, principalmente para os profissionais dos bastidores, como técnicos de som, iluminação, figurino e cenografia. O Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural apontou aumento significativo do desemprego no primeiro semestre de 2020, com uma leve recuperação no segundo semestre, motivada pelas produções virtuais, a Lei Aldir Blanc e algumas aberturas presenciais.

Já a pesquisa Hábitos da cultura na web durante a pandemia, realizada pelo Itaú Cultural e Instituto Datafolha em setembro de 2020, detectou o desejo do brasileiro de continuar com o hábito online após a reabertura dos espaços culturais. É um nicho que não pode ser abandonado, segundo Eduardo Saron, embora ele acredite em um aumento expressivo de pessoas indo a cinemas, shows e museus quando atingirmos a imunidade coletiva com a vacina.

O programa "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 FM, de segunda à sexta-feira, às 10h da manhã, na Cultura FM, Cultura Brasil e no aplicativo Cultura Digital.