Estação Cultura

Homenagem a Paulo Mendes da Rocha (1928-2021)

Arquiteto e urbanista capixaba morreu na madrugada deste domingo (23), aos 92 anos; autor de projetos como o Museu da Língua Portuguesa e o Museu Brasileiro de Escultura, era considerado o maior arquiteto brasileiro vivo


24/05/2021 16h42

Referência na arquitetura mundial, Paulo Mendes da Rocha morreu na madrugada deste domingo (24), aos 92 anos. Ele estava internado em São Paulo para tratar um câncer no pulmão. O arquiteto e urbanista deixa sua marca em muitas edificações em São Paulo, como o Museu Brasileiro de Escultura, o Museu da Língua Portuguesa e a cobertura da Praça do Patriarca. No início dos anos 1990 ele comandou a reforma da Pinacoteca do Estado, obra original de Ramos de Azevedo, outro símbolo da arquitetura da cidade.

Em 2017, Paulo Mendes da Rocha e o escritório MMBB reformaram e readequaram a estrutura do antigo prédio da Mesbla para abrigar o Sesc 24 de Maio. O projeto ganhou um teatro para duzentas pessoas no subsolo e uma piscina de 600 metros quadrados no topo do edifício de 13 andares: uma ousadia típica do arquiteto. Ele também projetou rampas de acesso e uma área aberta, batizada de “jardim da piscina”. Paulo Mendes falou à repórter Cirley Ribeiro pouco antes da inauguração.

Paulo Mendes da Rocha tinha como característica privilegiar a coletividade em seus projetos, segundo o arquiteto Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Uma das primeiras criações de Paulo Mendes da Rocha logo após formar-se em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie, em 1954, foi a Poltrona Paulistano. A peça de mobiliário compõe a coleção permanente do MoMa, Museu de Arte Moderna de Nova York, desde 2009. Ela é distribuída e vendida no mundo inteiro. 

Aos 29 anos o arquiteto venceu o concurso para fazer o projeto do Clube Atlético Paulistano ao lado de João de Gennaro. Com ele recebeu o Grande Prêmio Presidência da República na sexta Bienal de São Paulo, em 1961. E como ele via a arquitetura? Foi o que Paulo Mendes da Rocha respondeu em participação no Roda Viva, na TV Cultura.

O arquiteto e urbanista recebeu prêmios internacionais importantes, como o Leão de Ouro de Veneza, o Prêmio Imperial do Japão e a Medalha de Ouro da União Internacional dos Arquitetos. Entre os profissionais brasileiros, somente ele e Oscar Niemayer conquistaram o Prêmio Pritzer, considerado o Nobel da Arquitetura.

O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAAP, Marcos Costa, falou da importância de Paulo Mendes da Rocha.

Em 2018, Paulo Mendes da Rocha foi tema da série Ocupação, no Itaú Cultural, formada por mais de 100 itens, entre fotografias, croquis, maquetes, textos e depoimentos do próprio arquiteto. O objetivo do curador Guilherme Wisnik era chamar a atenção para o caráter político da obra do arquiteto, que sempre buscou soluções para o espaço público e os sistemas de transporte. A água é outro elemento presente nos projetos de Paulo Mendes, nascido em Vitória, Espírito Santo. Ele cresceu acompanhando os trabalhos do pai, engenheiro dedicado à área de recursos hídricos e navais.

A Ocupação também apresentou alguns projetos de Paulo Mendes da Rocha que nunca saíram do papel e só foram mostrados na Bienal de Veneza há cerca de 20 anos. Segundo Guilherme Wisnik, são projetos viáveis, mas não foram colocados em prática por escolhas políticas.

Em nota, o Instituto de Arquitetos do Brasil lamentou a morte de Paulo Mendes da Rocha, apontado como um profissional “que contribuiu profundamente para a formação da cultura arquitetônica e urbanística brasileira e mundial”. O governador João Dória, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, as diretorias da Pinacoteca e do Itaú Cultural também lamentaram a morte.

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