George Crumb - Personalidade tímida, mas calorosamente eloquente

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Em sua longa vida, Crumb compôs duas obras que continuam a ressoar e desafiar nossos ouvidos até hoje. “Black Angels – 13 imagens da Terra Escura”, um quarteto de cordas em que a partitura original indicava logo abaixo do título. A guerra do Vietnã ampliou-se e se alastrou muito naquele ano. Estes anjos negros invocavam o horror da guerra moderna.

Os instrumentos eram amplificados – uma heresia para um quarteto de cordas àquela altura da vida musical. O quarteto começa com “Noite dos insetos elétricos”. Equivalia a, como escreveu um crítico, pegar num fio desencapado ou meter o dedo numa tomada. A ideia de Crumb era evocar a ameaça dos helicópteros na Guerra do Vietnã.

Mas nem tudo é horror e cacofonia. Há alusões à bem comportada música do passado – há até uma torturada sarabanda barroca. Crumb não parou por aí. Completou seu anno mirabilis, 1970, com “Ancient Voices of Children”, Vozes antigas de crianças.

Para soprano, menino soprano, oboé, bandolim, harpa, piano elétrico e percussão. Sobre versos de Federico García Lorca, um de seus ídolos máximos. As imagens poéticas de Lorca não o impactaram pelo significado, mas por causa de seus sons.