Frederic Rzewski: a música política estava inscrita no seu DNA

Ouça 'Música Contemporânea' na íntegra:  

---

No dia 11 de setembro de 1973 o Chile, então governado pelo socialista Salvador Allende, foi sacudido por um golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet que instaurou uma ditadura no país por dezessete anos.

Para lembrar este triste aniversário e chamar a atenção para a resistência democrática que começou a tomar forma nos anos seguintes, é bom não só ouvirmos, mas também conhecermos a história de uma das obras mais emblemáticas do século 20, as “36 variações sobre ‘el pueblo unido jamais será vencido”.

É uma série de variações por este hino da resistência na América Latina no último meio século. Vale a pena saber em que circunstâncias o compositor norte-americano Frederic Rzewski, que morreu aos 83 anos na Itália, em 2021. Ele sempre pautou sua criação pelo engajamento político.

Em 1975, apenas dois anos depois do golpe de Pinochet, o governo norte-americano selecionou artistas para criar e/ou encomendar obras comemorativas dos 200 anos da revolução americana de 1776.E, ao encomendar a Frederic Rzewski o seu projeto comemorativo, a pianista Ursula Oppens recebeu não uma peça, mas um ciclo ainda mais vasto de 36 variações para piano.

Rzewski é ainda mais emblemático porque a música política está inscrita no seu DNA. E faz isso sem abdicar do melhor de sua invenção. Habitualmente, os compositores engajados na luta política – um fenômeno que se encorpou durante os anos 70 e 80 do século 20 – separavam suas criações: de um lado, a invenção experimental; de outro, as peças fáceis engajadas.

Brilhante, ele conseguiu unir qualidade de invenção a engajamento político. Ouviremos na íntegra, esta obra-prima da música do século 20, com o pianista ucraniano Vadym Kholodenko, medalha de ouro do Concurso Van Cliburn de 2013.

A performance, ao vivo, é de 2021

Apresentação: João Marcos Coelho
Produção: Sonia Maria de Lutiis
Estagio em Produção: Cleison Silva