Bela Bartok - a música do nosso tempo e da nossa percepção da vida (Hermann Hesse)

Ouça 'Música Contemporânea' na íntegra: 

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Vou compartilhar com vocês, ouvintes da Cultura Fm, um comentário que o grande escritor alemão Hermann Hesse, nascido em 1877 e morto em 1962, fez em seu diário no dia 15 maio de 1955 sobre a música de seu contemporâneo exato, o compositor húngaro Bela Bartok, nascido em 1887 e morto em 1945.

Ele fala sobre a música tão pessoal de Bartok: “Esta outra música, a de hoje, a de Bartók! Caos em vez de Cosmos, confusão em vez de ordem, ondas agitadas de sensações sonoras no lugar de clareza e contornos, proporções fortuitas e uma renúncia da arquitetura no lugar da estrutura e progresso controlado.

Mas isso também foi magistral. Também era lindo, comovente, grandioso e demonstrava um talento excepcional! […]. Assim, esta música ricamente sensual e colorida, dolorosamente bela ela flui, ela ri, ela soluça, ela tosse, ela geme, ela fica com raiva, ela brinca, sem lógica, sem estase, momento puro, toda beleza moribunda e de curta duração.

Hesse conseguiu descrever a sensação que temos ao escutar esta música ao mesmo intrincada e áspera que é um retrato fiel do nosso dia-a-dia. Pensei nisso tudo ao ouvir o recém-lançado álbum do selo Pentatone que traz intérpretes incrivelmente afins aos três concertos de Bartok.

De um lado, o pianista francês Pierre-Laurent Aimard, nosso conhecido da Sala São Paulo, a ele junta-se outro músico essencial do nosso tempo, o maestro finlandês Esa-Pekka Salonen, que também é excepcional compositor, tão magistral como quando empunha a batuta.

Apresentação: João Marcos Coelho
Produção: Sonia Maria de Lutiis
Estagio em Produção: Cleison Silva