Francis Poulenc – uma celebração do passado brilhante da França
14/12/2022 23h00
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Francis Poulenc estava com 38 anos, em 1937, quando mencionou pela primeira vez o projeto de um balé inspirado em “algumas fábulas de La Fontaine”, mas foi somente após a ocupação de Paris pelos nazistas, em maio 1940, que voltou a esta ideia. Em entrevista ao crítico musical francês Claude Rostand em 1954, ele lembrou que havia começado a composição da obra “nos dias mais sombrios do verão de 1940... queria encontrar um motivo para ter esperança no destino do meu país”. E acrescentou: “Estava pensando em fazer um libreto a partir de algumas fábulas de La Fontaine. Em agosto de 1940, comecei a trabalhar após minha desmobilização. Uma amiga [Marthe Bosredon]... me emprestou seu piano, foi onde comecei meu balé. Escolhi entre as fábulas aquelas que não convocavam especificamente animais travestidos, ou aquelas que poderiam ser transpostas simbolicamente, como O Leão Amante, que transformei em bad boy”.
Quando Poulenc começou a compor Os animais modelos (foi seu amigo Paul Éluard quem lhe sugeriu o título), o caráter fundamentalmente francês das fábulas de La Fontaine – escritas durante o reinado do Rei Sol, Luís XIV – deu a Poulenc “razão para esperança”.
Poulenc não queria de jeito nenhum um balé contando histórias encantadoras de animais, mas sim uma celebração do passado brilhante da França – num momento histórico vexatório, em que Paris permaneceu subjugada aos nazistas por quase quatro anos, na segunda guerra. Na estreía, a coreografia foi de Serge Lifar que seguiu fielmente a vontade do compositor.
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