MARCELA LEIROS - AGÊNCIA CENARIUM
MANAUS (AM) - "Está sendo muito gratificante pra cada um de nós. Pra cada aluno, principalmente pra mim que sou mãe, né, e sou aluna também, meu esposo, meus filhos e as outras crianças também que vão estudar também nessa escola". A declaração de Aurinéias Bernardes representa o sentimento dos moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, a 247 quilômetros de Manaus (AM).
No local, foi inaugurada, nesta terça-feira, 16, a Escola Estadual da Floresta (EEF) José Loureiro da Silva, um modelo de ensino pioneiro do Governo do Amazonas que alia novas tecnologias a práticas sustentáveis. O projeto é uma iniciativa que vai atender 200 alunos da área de preservação, com conteúdos voltados para sustentabilidade, como explicou o governador do Estado, Wilson Lima (União Brasil).
"Nós temos os conteúdos regulares, por exemplo, matemática, português, geografia, história, mas todos voltados para a questão da sustentabilidade. Aqui também nós estamos implementando uma atividade de empreendedorismo e nessa escola especificamente nós vamos implementar uma atividade de produção de mel a partir de abelhas e sem ferrão. Isso é importante porque essa atividade as crianças podem replicar para as suas residências e também complementar a renda da família", elencou.
Aurinéia é uma das alunas da Escola da Floresta. Ela, junto ao esposo e os nove filhos do casal, estudarão na nova unidade de ensino que conta com salas de aula, de leitura, salas multiuso e para os professores; além de refeitório, laboratório de robótica (espaço maker); alojamento para educadores e estudantes, banheiros e demais estruturas escolares, como secretaria, despensa, cozinha e depósito.
Aurinéia e o esposo participarão do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), que também será ofertado na escola.
"Antes, tinha aquela dificuldade pra gente ir pra escola, né, porque só tinha do município. E quando terminava o nono ano tinha que ir pra cidade estudar o primeiro, o segundo e o terceiro ano do ensino médio. Agora não, com essa escola aqui, facilitou para estudarmos até não só essa comunidade, mas as comunidades circunvizinhas também", comemorou.
O investimento na primeira Escola da Floresta foi de, aproximadamente, R$ 5 milhões. A unidade tem capacidade para 200 alunos, sendo 100 em tempo integral e 100 no turno noturno.
Projeto pedagógico
Outras sete escolas devem ser inauguradas no interior do Estado: Presidente Figueiredo, Beruri, Canutama, Tapauá, Borba, Novo Aripuanã e Manicoré. O projeto pedagógico é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, considerando as características socioeconômicas de cada localidade.
"Especificamente esse aqui, estaremos dentro de uma perspectiva da preservação do meio ambiente, toda essa parte do turismo, a questão da atividade de pesca e todo esse trabalho que a Secretaria da Educação vai fortalecer o que já tem na comunidade, mas trazendo para a comunidade algo que venha subsidiá-los no trabalho que eles terão que fazer junto a essa questão do equilíbrio com o meio ambiente e as atividades que serão realizadas aqui", explicou a secretária de Educação, Arlete Mendonça.
Homenagem
A Escola da Floresta leva o nome de José Loureiro da Silva, ex-morador da comunidade Bom Jesus do Angelim. Ele sempre contribuiu com atividades para o desenvolvimento das famílias da área, até sua morte, em 2022. O terreno onde está a escola doi doado por seus familiares.
A nora de José, Livane da Silva Pires, é moradora da comunidade há 24 anos e, agora, é professora da Escola da Floresta. Para ela, é grande a expectativa de ver os alunos estudando no local.
"Espero que muitas outras coisas, bençãos, aconteçam nesse lugar e eu, como professora, garanto e prometo para todos que eu trabalho por amor e estou aqui me doando, fazendo tudo que esse projeto venha a acontecer e que ele venha a fluir aqui na nossa comunidade", compartilhou.
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