Carol Veras - AGÊNCIA CENARIUM
MANAUS (AM) - Organizações sociais de Manaus se manifestaram contra o prefeito David Almeida (Avante) e inércia do Poder Público diante da fumaça que toma conta da cidade. O site Manaus Sem Fumaça foi lançado para permitir o envio de e-mails diretamente às autoridades responsáveis pela mitigação de danos ambientais. Os manifestantes exigem que a prefeitura ofereça, gratuitamente, máscaras N95 ou PFF2 para a população afetada pela crise de poluição presente no ar.
A campanha é assinada pelos movimentos Minha Manaus, Amazônia de Pé, Associação da Advocacia Popular do Amazonas, Esperança Garcia, Movimento Buritis, Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia (AIHHUA), voluntários do Greenpeace Manaus e líderes da Realidade Climática no Amazonas, que cobram diretamente a administração municipal para declarar o Plano de Contingência (Plancom), prioridade nas discussões da Câmara Municipal de Manaus.
"Zero. Essa é a quantidade de vezes que a palavra 'fumaça' é mencionada no Plano de Contingência", apontam os organizadores no site oficial do projeto. A ideia é que, com a criação do documento, a gestão municipal consiga reduzir a ocorrência de desastres ambientais na região metropolitana e, caso ocorram, minimizar os impactos sobre a população. Até o momento, 415 pessoas enviaram e-mails para a gestão de Almeida cobrando proteção contra a fumaça.
O Plano de Ações Climáticas de Manaus foi anunciado em maio de 2023 e, um ano depois, as discussões ainda não foram finalizadas. Os houveram movimentos sociais afirma, ainda, que houve pouca movimentação da prefeitura para mantê-lo em vigor. As pautas sobre a emergência climática, enfrentada pela capital amazonense, foram retomadas este ano. No cronograma mais recente, consta que a elaboração do plano deve durar, ao todo, 19 meses.
A última audiência pública na CMM, ocorreu na última quarta-feira, 21 respondendo à solicitação do Movimento Buritis. De acordo com o perfil oficial do Minha Manaus, "a única representante da Prefeitura e da Secretaria de Meio Ambiente que esteve presente na audiência foi embora logo após sua fala inicial e não ouviu a sociedade civil". "A gente precisa desse plano pra agora", alerta a mobilizadora da organização Mel Angeoles.
De acordo com a ativista, o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Antonio Stroski, não compareceu à audiência pública. Ainda de acordo com ela, a subsecretária da pasta, Aldenira Queiroz, permaneceu na reunião por pouco tempo e não ouviu a resposta dos movimentos sociais ao combate às mudanças climáticas. Apenas o vereador Rodrigo Guedes (Republicanos) compareceu à reunião.
"Queremos que as pessoas que vivem na pele as desigualdades socioambientais sejam amplamente envolvidas nas políticas públicas sobre adaptação e mitigação da crise climática, assim como os povos tradicionais e seus saberes ancestrais e os cientistas amazônidas", afirma, à CENARIUM, a mobilizadora do Minha Manaus Alice Almeida. O movimento é um dos participantes na elaboração do plano na Câmara Municipal de Manaus (CMM), previsto para entrar em vigor apenas em 2025.
Mais de 50 representações de coletivos e movimentos compareceram à audiência. "São pesquisadores, cientistas e movimentos que atuam na base. Não estávamos lá só para cobrar, estávamos lá para levar algumas opções, dados e estudos, mas em nenhum momento tivemos espaço para sermos ouvidos", ressalta a mobilizadora. Durante a reunião, a prefeitura não apresentou planos de combate às mudanças climáticas a curto prazo.
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