Fenômeno das terras caídas no Rio Solimões assusta população
Vídeos registrados por pescadores mostram a ocorrência de ondas atípicas nas margens do Rio Solimões, conhecidas na região como "banzeiro", causadas pelo aumento da movimentação das águas devido ao fenômeno das "terras caídas".
16/09/2024 09h06
Carol Veras - DA AGÊNCIA CENARIUM
MANAUS (AM) - Vídeos registrados por pescadores mostram a ocorrência de ondas atípicas nas margens do Rio Solimões, conhecidas na região como "banzeiro", causadas pelo aumento da movimentação das águas devido ao fenômeno das "terras caídas". O termo é utilizado na região para descrever processos de erosão fluvial, como deslizamentos e desabamentos que afetam as margens dos rios.
Como descrevem os pesquisadores Emanuel Tavares da Cruz e João D’Anuzio Meneses de Azevedo Filho, em um artigo científico da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), esses fenômenos são comuns na planície amazônica, especialmente nos "rios de água branca". A erosão lateral desses rios é responsável por mudanças na geografia local, causando deslizamentos de terra e afetando as comunidades ribeirinhas.
Entre os fatores que influenciam a ocorrência do fenômeno, estão o desmatamento das margens e o aumento da potência das embarcações, gerando ondas mais fortes, conhecidas como "banzeiros", que aceleram o processo de erosão. Esses fatores combinados transformam a paisagem ribeirinha, colocando em risco as moradias e os meios de subsistência das comunidades locais.
Tragédia
Em setembro de 2023, um desabamento nas margens do rio Purus, afluente do rio Solimões, resultou em duas mortes e deixou mais de 200 pessoas desabrigadas na comunidade Arumã, no município de Beruri, a 263 quilômetros de Manaus. O caso da comunidade Arumã ganhou repercussão nacional devido ao grande número de desabrigados e à extensão do desabamento. Outros incidentes semelhantes também foram registrados em municípios do Amazonas ao longo do ano passado.
No mesmo mês, um desabamento nas margens do rio Solimões destruiu pelo menos oito casas em Coari, a 363 km de Manaus. Segundo informações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, não houve vítimas. Outro desbarrancamento ocorreu às margens do rio Madeira, em Manicoré, a 457 quilômetros de Manaus, destruiu parte de uma rua e algumas casas, deixando uma pessoa ferida. A área já havia sido desocupada pela prefeitura semanas antes, devido ao risco de desabamento.
A Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas informou que ofereceu apoio humanitário à comunidade Arumã. A área está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu Purus, em Beruri. Na época, o órgão entregou 150 cestas básicas, 150 kits de higiene pessoal, 100 garrafões de água de 20 litros e 180 frangos aos moradores. Os itens foram adquiridos com apoio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática.
REDES SOCIAIS