Agência Cenarium

Coordenador de campanha, sobrinho do prefeito de Manaus é acusado de agredir ex-companheira

Entre 2021 e 2022, foram registrados pelo menos quatro Boletins de Ocorrência (BOs) contra Derick, que é filho do deputado estadual Daniel Almeida (Avante). A denúncia foi exposta por lideranças comunitárias que trabalham com o empresário e se sentem inseguras.


17/09/2024 13h57
Marcela Leiros - DA CENARIUM

MANAUS (AM) - O coordenador de campanha da candidatura à reeleição do prefeito de Manaus, Derick Daniel Cruz de Almeida, sobrinho de David Almeida (Avante), foi denunciado à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) por agredir a ex-companheira. Entre 2021 e 2022, foram registrados pelo menos quatro Boletins de Ocorrência (BOs) contra Derick, que é filho do deputado estadual Daniel Almeida (Avante). A denúncia foi exposta por lideranças comunitárias que trabalham com o empresário e se sentem inseguras.

Daniel Almeida, Derick Daniel e David Almeida (Composição: Weslley Santos/CENARIUM)

Lorena Beatriz Pereira de Oliveira, ex-companheira de Derick, com quem tem uma filha, registrou BOs por ameaças, injúrias e ameaças de morte. Lorena também afirma que Derick descumpriu acordo de guarda compartilhada da criança e deixou de informá-la, por pelo menos três dias, onde a filha estava.

No primeiro registro, de 11 de dezembro de 2021, Lorena Beatriz narra que sofreu injúria — quando uma pessoa ofende e/ou desrespeita a honra subjetiva da outra — e chegou a ser agredida pelo ex-companheiro Derick Daniel.

O segundo boletim foi registro no dia 20 de março de 2022, quando a vítima denunciou, mais uma vez, injúria e ameaça por parte do ex-companheiro. A violência ocorreu no Morro da Liberdade, Zona Sul de Manaus, mesmo bairro onde o prefeito David Almeida tem residência.

Boletim de Ocorrência registrado contra Derick Daniel (Reprodução)

No terceiro boletim, do dia 23 março de 2022, a jovem relata que compareceu à residência do ex-companheiro, no dia 20 de março, para buscar a filha menor de idade, conforme acordo de guarda compartilhada, mas não encontrou Derick nem a criança. Até o dia do registro da denúncia, a mãe não tinha informações sobre onde estava a filha.

"Entrei em contato com o pai, que me disse para retornar para minha residência, pois ele deixaria minha filha em casa posteriormente. Decidi aguardar sua chegada e, em seguida, chamei a polícia para garantir a entrega da minha filha naquele momento. Mesmo com a presença da polícia, o pai optou por não entregar a menor. Até a data de hoje, não tenho informações sobre o paradeiro de minha filha", narrou Lorena Beatriz.

No último registro localizado, de 24 de março do mesmo ano, Lorena Beatriz denuncia ameaça de morte e ofensas com palavras de baixo calão por parte do ex-companheiro Derick Daniel.

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A CENARIUM questionou Derick Daniel, via WhatsApp e mensagem em rede social, sobre as denúncias feitas pela ex-companheira e a suspeita de compra de votos. Ele informou que não será "intimidado" pela imprensa e que o assunto é "pessoal".

Maria da Penha

A violência doméstica ou familiar é um crime tipificado na Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006. Ela cria mecanismos para prevenir e coibir a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, e abrange também relações amorosas anteriores, como no caso de ex-namorados, desde que o agressor tenha utilizado de violência ou ameaça no âmbito dessa relação.

A advogada Alessandrine Silva, especialista em Direitos Humanos, destaca que mesmo que haja leis que protejam as mulheres vítimas de violência e seus filhos, ainda é preciso que o Estado tome medidas eficientes. “É preciso que o Estado tome medidas mais efetivas para cessar a violência contra essa mulher. Isso é algo que não é um caso isolado, tem sido recorrente e a gente precisa entender como o Estado pode aprimorar as suas medidas para que cesse essa violência”, declara.

A jurista também destaca que leis como a 14.713 protegem os filhos das mulheres vítimas dessa violência. "Há um debate sobre essa lei, porque a lei não fala expressamente sobre violência doméstica, violência, mas a intenção dessa legislação é, de fato, que ela sirva para afastar esse violentador também dos seus filhos", acrescenta.

No Amazonas, a violência contra a mulher no Amazonas aumentou 47,6% nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o ano passado, de acordo com levantamento feito pela CENARIUM com dados divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP). No total, foram 657 casos denunciados de janeiro a março de 2024.

Manaus lidera o ranking com o maior número de registros, totalizando 194 ocorrências, seguida dos municípios de Tefé (65) e Itacoatiara (44).

Revisado por Gustavo Gilona

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