BELÉM (PA) - Um mural com 1.581,60 m² foi inaugurado em São Paulo denunciando a destruição ambiental e cobrando ações concretas contra o desmatamento. A obra retrata Alessandra Korap, uma das principais lideranças do povo Munduruku do Médio Tapajós, no Pará. Alessandra é conhecida pela atuação na defesa do meio ambiente e na luta pelos direitos indígenas, destacando-se pelas denúncias contra grandes corporações que contribuem para a destruição da Amazônia.
Localizado em um prédio com vista para a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a duas quadras da Avenida Paulista, o mural chama atenção. A imagem foi pintada utilizando cinzas de biomas brasileiros em perigo, como a floresta amazônica, o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal, que estão sendo devastados para expansão agrícola. Além das cinzas, foram utilizadas lama de enchentes no Rio Grande do Sul e outros materiais orgânicos, simbolizando os impactos das mudanças climáticas e da destruição ambiental.
A obra é um símbolo do artivismo, unindo arte e ativismo para alertar sobre a emergência climática global. “O artivismo é uma maneira de alertar sobre a emergência climática, o maior desafio da humanidade”, afirmou Mundano, um dos artistas envolvidos na criação do mural. Ele destacou que o desequilíbrio ambiental causado pela expansão do agronegócio tem levado a ondas de calor, secas severas e enchentes em várias partes do mundo.
Alessandra Korap, retratada na obra, vê o mural como um clamor pela preservação do meio ambiente. “Essa pintura é um pedido de basta à destruição ambiental que está ameaçando não apenas nossas florestas, mas também as futuras gerações”, declarou a líder indígena. Ela espera que a imagem desperte nas pessoas a consciência de que são parte da natureza e que devem lutar contra destruição.
O mural foi realizado em parceria com a Campanha Burning Legacy da Stand.earth, e a inauguração coincide com o início da desaceleração da pior temporada de queimadas no Brasil em 14 anos. A obra busca não só chamar a atenção para a crise ambiental no País, mas também enviar uma mensagem internacional de responsabilidade e ação climática.
Com mais de 30 metros de altura e 48 metros de largura, a pintura é uma das maiores da cidade de São Paulo e de toda a América do Sul. A criação envolveu seis artistas que, utilizando balanços elétricos, trabalharam na lateral de um dos prédios mais largos da capital paulista. As tintas foram feitas com materiais recolhidos de regiões afetadas por desastres ambientais, refletindo a conexão direta entre arte e a realidade destrutiva que o mural denúncia.
Mundano se inspirou em suas experiências em áreas afetadas pela seca e pelas queimadas, além de sua convivência com líderes indígenas em regiões de conflito ambiental. Ele relembra sua participação em uma expedição com Alessandra Korap e outros 50 indígenas na autodemarcação da terra indígena Sawré Muybu, no Tapajós. Foi nesse contexto que ele decidiu retratar Alessandra como uma gigante no mural, simbolizando sua luta e resistência pela preservação da Amazônia.
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