A empresa brasileira Greenleaf, especializada no segmento de gramados esportivos, é a responsável por cinco dos oito estádios que serão utilizados na Copa do Mundo do Catar, que ocorre do dia 20 de novembro a 18 de dezembro de 2022.
A companhia foi contratada em dezembro de 2015 por organizações do país árabe, sob supervisão da Fifa, para administrar os campos das principais arenas do torneio, incluindo o Al Bayt, palco da festa de abertura.
A Greenleaf também realizou a instalação de outros quatro gramados do Mundial: Al Thumama, localizado em Doha; Education City, que está no centro na inovação e foi construído para pensar na sustentabilidade e no futuro; Ahmad Bin Ali, localizado à beira do deserto, em Al Rayyan; e Al Janoub.
A terraplanagem, instalação dos gramados, análises granulométricas das areias que foram utilizadas na construção (estudo da distribuição das dimensões dos grãos de um solo), manutenção dos campos, drenagem a vácuo, irrigação subterrânea, nivelamento a laser e hibridação (inclusão de fibras sintéticas que correspondem por 10% do gramado), entre outros serviços, foram desenvolvidos pela GreenLeaf Gramados.
Em entrevista ao site da TV Cultura, Flávio Piquet, um dos sócios da Greenleaf, afirma que a primeira obra começou em janeiro de 2016 e o último estádio entregue foi em dezembro de 2020. Ele ainda explica que todos os gramados são híbridos.
“Os oito gramados do Catar são híbridos que fizemos na Copa do Mundo de 2014 na arena do Corinthians e recentemente no Maracanã”, explica.
De acordo com Flávio, os gramados foram plantados nos Estados Unidos e foram ao Catar em caixas refrigeradas. Todos são da espécie Paspalum Platinum, conhecida por suportar bem a baixa umidade e o clima elevado do país do Oriente Médio.
Em março de 2019, o estádio Al Janoub teve o gramado instalado em 9 horas e 15 minutos e superou a marca de outra empresa, que era de 13 horas e 15 minutos usadas para colocar o campo do Khalifa International, que receberá a final da Copa do Mundo, no dia 18 de dezembro. Dois meses depois a Greenleaf conseguiu quebrar seu próprio recorde na instalação do gramado do estádio Al Bayt no tempo de 6 horas e 31 minutos e entrou para o Guinness Book.
Flávio explica que foram 850 mil dólares em máquinas para que eles conseguissem bater esse recorde mundial e estarem prontos se caso precisarem trocar o gramado de algum estádio. Sendo assim, eles descobriram um método diferente para isso. Começaram pelo centro do gramado e com duas equipes indo para a lateral, além da ajuda dos maquinários.
“A Fifa exige 12 estádios no mínimo e o Catar, por ser um país pequeno, não iria conseguir fazer todos. O Emir então solicitou que a gente precisava fazer uma troca suficientemente rápida do gramado, para que ele apresentasse para a Fifa que se fosse preciso fazer um gramado da noite para o dia, ele iria conseguir”.
Flávio diz que a irrigação, movimento de terra, nivelamento a laser e plantio são fatores importantes para a manutenção da grama, mas que existe uma técnica essencial para conservação do gramado.
“A prioridade máxima é a drenagem do campo. Se a drenagem estiver ruim, não há possibilidade de consertar todo o resto”.
O sócio da Greenleaf diz que essa é a segunda experiência internacional. A primeira foi o centro de treinamento da seleção peruana, em Lima, em 2015, um ano antes de ir para o Catar.
A companhia também foi responsável por todos os gramados das Olimpíadas. “Nós fizemos a todos os equipamentos de grama que houveram na competição, o campo de golfe, cross country com cavalos, tudo por feito por nós”.
Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a Greenleaf, em parceria com uma empresa espanhola, foi responsável nos trabalhos dos gramados de sete estádios, dos 12 usados na disputa: Fonte Nova (BA); Maracanã (RJ), Mineirão (MG); Mané Garrincha (DF); Estádio Governador Carlos Wilson Campos (PE); Arena Castelão (CE) e Arena Amazônia (AM).
Em 2018, a companhia não representou nenhum campo da Rússia. O país do Leste Europeu optou por priorizar empresas que são acostumadas a trabalhar com grama de clima frio, um padrão no continente.
A Greenleaf também é parceira de 21 dos 40 clubes das séries A e B e cinco da série C do brasileirão, fazendo a manutenção dos gramados dos estádios e do centro de treinamento da maioria dos clubes do Brasil.
REDES SOCIAIS