“A internet é ótima, mas existe muita coisa ruim”, diz criadora de conteúdo digital
Em entrevista ao site da TV Cultura, influenciadoras contaram sobre suas experiências nas redes sociais, haters e saúde mental
30/09/2021 18h49
O ambiente digital cresce a cada dia e esse crescimento traz vantagens, assim como desvantagens. Os haters, por exemplo, pessoas que disseminam comentários de ódio, estão por todo lugar.
Famosos ou até mesmo pessoas desconhecidas têm que lidar com ofensas diárias na sua página. Celebridades como Luiza Sonza, Fabio Porchat, Mirela Janis, Gretchen, entre outros falam diariamente sobre essa exposição e o impacto causado.
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Lucas Santos, 16, filho da cantora de forró Walkyria Santos, foi encontrado morto após ter recebido xingamentos e ofensas em um vídeo publicado no TikTok, em que aparecia em uma brincadeira afetiva com um amigo. Após o acontecimento, a mãe pediu nas redes sociais que “tenham cuidado com o que vocês comentam. Vocês podem acabar com a vida de alguém. Hoje sou eu e minha família quem chora”.
A cantora passou a divulgar o Projeto de Lei “Lucas Santos” com o intuito de punir com multa e mais quatro anos de prisão para quem disseminar ódio ou proferir comentários discriminatórios de qualquer natureza nas redes sociais.
Em entrevista ao site da TV Cultura, as criadoras de conteúdo digital Ana Dizoi, Flávia Durante e Suellen Neves contaram sobre suas experiências nas redes sociais, haters, e saúde mental.
A internet
Para Ana, “a internet é ótima, mas existe muita coisa ruim. O quanto você puder se privar disso é melhor para você”. Durante o processo de aceitação do próprio corpo, ela engordou 30kg e recebeu muitas críticas na internet, como afirmações de que ela iria morrer, alguma veia iria entupir ou teria diabetes. Entretanto, ela questionou o fato de ninguém lhe perguntar como estava sua saúde em um corpo magro e como está agora.
“Eu era bem magra, tinha uma distorção de imagem bem alterada, tenho roupas de três anos atrás que ainda me servem porque eu vestia a numeração 38, mas, comprava 44 por achar que meu tamanho era aquele”, contou.
Ao falar sobre a situação, ela explicou as possibilidades que podem acontecer com quem recebe ataques sobre a aparência. “Se a pessoa recebe ataques sobre o corpo, ela pode parar de comer, se submeter a alguma cirurgia e correr risco de vida. Existem várias variáveis que podem dar ruim, mas esses fiscais de saúde não se importam com a saúde, pois existe a saúde mental”.
Flávia Durante, comunicadora e empresária fundadora da plataforma de moda e cultura plus size “Pop Plus”, está na internet há muitos anos, além de sempre ter sido curiosa e entrado para inúmeras comunidades, entre elas, Twitter, Blog, Orkut, Facebook e mais. Durante a entrevista, ela revelou já ter recebido muitos ataques por falar de ativismo gordo, moda plus size e feminismo, e até ficou doente, mas com o tempo, aprendeu a filtrar a situação. "Nunca vou me esquecer de um dia em que participei de um podcast muito famoso e as apresentadoras falaram que foi o episódio que mais recebeu ataques”, contou.
Ela explicou que a internet tem dois lados, um muito bom, que faz com que pessoas que nunca tiveram visibilidade possam se encontrar e não se sintam sozinhas, e o lado ruim, que é o do hate: “Do mesmo jeito que pessoas se empoderam para coisas boas também podem para as ruins”.
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A terapeuta holística, palestrante e criadora de conteúdo digital Suellen Neves começou a trabalhar com a internet em 2017. Ela, que já foi modelo e miss, começou a ter muitas acnes com o tempo.
“Fui modelo durante muitos anos, e estava cancelando a minha carreira como modelo e queria investir em algo novo. Porém, estava apresentando muita acne e já fazia tratamentos severos e comecei a tomar roacutan, então não conseguia postar vídeos, ficava com muita vergonha. Nessa época fui fazer mais um trabalho como modelo porque estava precisando e me negaram o trabalho por conta da minha pele”.
Na época, ela fez um vídeo despretensioso para o Youtube falando sobre a situação e como se sentia com sua pele. “Muitas pessoas começaram a perguntar sobre, era uma época que não havia muito conteúdo na internet e vi uma chance de ajudar as pessoas e ao mesmo tempo foi algo que me ajudou”. Ela ainda revelou que neste vídeo recebeu várias críticas, assim como também recebeu de outras pessoas que a viam pessoalmente. Apesar disso, ela disse que os comentários diminuíram bastante, até porque ela começou a expor os haters.
Saúde emocional
“Tudo começa no emocional, não adianta você começar por uma pomada ou medicamento, porque isso só vai tratar a parte externa. A acne é uma explosão, ela vem de dentro para fora”, destacou Suellen.
Ela expôs ainda que na internet é possível encontrar a pessoa que realiza o photoshop nas fotos e aquela que vê e se compara ao corpo irreal, sendo que as duas estão mal. “A pessoa que faz está tão infeliz consigo e tem tanto medo do que as pessoas vão falar dela que acaba se transformando em algo que não é para ser aceita. Quem está vendo não vai separar que aquilo é um photoshop ou não, ela vai comparar”.
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