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Foto: TV Cultura / Silvio Júnior
Foto: TV Cultura / Silvio Júnior

Nesta quinta-feira (9) estreia o espetáculo “Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz” no Teatro Santander, em São Paulo. O portal da TV Cultura acompanhou os bastidores da produção de um dos maiores sucessos da Broadway, que agora ganha nova versão no Brasil.

Estreando com mais de 40 mil ingressos vendidos, algo inédito na história do Teatro Santander, a peça é inspirada na clássica obra “O Mágico de Oz”, de 1939. Entretanto, em Wicked, a história é contada muito antes de Dorothy ser levada por um tornado. Dessa vez, as protagonistas são as bruxas de Oz.

A trama se baseia na improvável amizade entre Elphaba, interpretada por Myra Ruiz, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, interpretada por Fabi Bang, a Bruxa Boa do Norte. Enquanto uma é incompreendida pela sociedade e nascida com a pele verde esmeralda, a outra almeja manter sua ambição e popularidade. Marcelo Médici vive o Mágico.

O espetáculo foi apresentado no Brasil em 2016 e assistido por mais de 340 mil pessoas. Sete anos depois, ele está de volta em uma nova configuração repleta de novidades, com elenco formado por 35 artistas e orquestra de 18 músicos.

Apresentação da cena "Só dançar". Foto: TV Cultura/Silvio Júnior

O desafio de produzir

Durante encontro com jornalistas, o produtor Vinícius Munhoz afirma que, embora seja o mesmo texto e partitura, a obra se trata de uma não réplica do original da Broadway: “Eu tenho muito orgulho de dizer que é a nossa versão brasileira do espetáculo”.

Ao saber da possibilidade da exibição de Wicked no Teatro Santander, o diretor do espaço, Marcelo Demétrius, conta que a primeira reação foi de êxtase e a segunda, foi a sensação de responsabilidade, de construir um musical totalmente novo.

Apresentação da cena "Todo bem tem seu preço". Foto: TV Cultura/Silvio Júnior

Magia de Harry Potter em Wicked?

Os efeitos especiais de Wicked foram concebidos pelo Skylar Fox, que nada mais é que o consultor de ilusionismo da peça "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada".

Além do papel de Skylar na montagem e desenvolvimento dos efeitos, há uma equipe responsável por colocar as ideias em prática. Alicio Zimmermann, por exemplo, além de atuar como parte do elenco, é também ilusionista e o responsável por cuidar que os efeitos aconteçam da melhor forma possível.

De acordo com Alicio, embora a tecnologia tenha vindo de fora, houve uma adaptação brasileira para as transformações, levitações, mudanças de cor, explosões, fogo e efeitos visuais que serão presenciadas ao vivo pelo público.

O uso de tecnologias a favor de um realismo cênico também está sendo priorizado, como afirma o produtor Vinícius Munhoz, ao falar da implantação de um painel de led de oito toneladas e 160 metros quadrados: “A tecnologia hoje não está aqui para substituir os cenários físicos [...] O painel não substitui o cenário, ele soma ao cenário, fazendo com que se torne real e que tenha coisas vivas”.

Para completar a magia, haverá ainda um voo diante dos olhos do público: “O sistema de voo nunca foi utilizado antes no Brasil [...] A gente quis honrar o Wicked”, conclui Vinícius.

Marcelo Demétrius, John Stefaniuk, tradutor e Vinícius Munhoz, da esquerda para direita. Foto: TV Cultura/Silvio Júnior

A visão do diretor

Na direção geral do espetáculo está John Stefaniuk, diretor de Rei Leão em vários países do mundo (incluindo no Brasil), bem como Billy Elliot (2019), Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate (2021) e Evita Open Air (2022).

Ao fazer um paralelo com o contemporâneo, John afirmou: “Para mim, a Glinda é a primeira grande influencer mundial. E, infelizmente, Elphaba, a primeira grande vítima da cultura do cancelamento”.

Em entrevista ao portal da TV Cultura, John afirma que queria um Wicked um pouco mais sombrio e assustador do que o da versão original de 2003. Além disso, conta quais mensagens a narrativa passa ao espectador:

“A essência da peça é sobre irmandade, sobre amizade de duas mulheres. Mas é também sobre procurar a verdade e às vezes a verdade é perversa e é preciso saber a diferença entre o que é bom e o que é ruim fazendo o seu trabalho, não apenas seguir algo só porque alguém disse a você”, destaca o diretor geral.

Marcelo Medici caracterizado como Mágico. Foto: Divulgação/Assessoria de Wicked

O Grande Mágico

Marcelo Medici fará o Mágico nessa temporada. Ao comparar com o original da Broadway, o ator afirma que o personagem ganha um aspecto mais maligno, cruel e manipulador, ao mesmo tempo que traz elementos típicos da cultura latino-americana: “Estou fazendo um mágico mais latino, mais visceral”.

Com a experiência de mais de 30 espetáculos teatrais, Marcelo comentou que a juventude não tem uma prática de ir ao teatro e, ao ver jovens emocionados após assistirem, notou um dos principais diferenciais do show: “Wicked tem o poder de atrair o público jovem”.

Foto: TV Cultura/Silvio Júnior

Lugar onde a magia acontece

De acordo com o produtor Vinicius e parafraseando o compositor musical do espetáculo, Stephen Schwartz, a tecnologia do Teatro Santander possibilita a realização de coisas que “há 20 anos eles tentavam realizar e que foram colocadas em prática no Brasil nesta edição”.

Localizado no complexo do Shopping JK Iguatemi, o palco passou por um reforço no piso para aguentar 32 toneladas, enquanto o teto também foi reestruturado para suportar as oito toneladas de equipamentos.

O que há de Brasil em Wicked 2023?

Marcelo, que faz o Mágico, destaca que a forma de se relacionar, a prosódia, a personalidade criada pelos personagens e algumas frases típicas brasileiras trazem uma comicidade típica do país. Um exemplo disso pode ser encontrado numa das falas de Glinda, que diz algo como “não pira miga, cê tá muito loka”.

Por trazer interpretações distintas sobre as relações de poder contemporâneas, “Wicked está mais atual do que nunca”, conclui Marcelo.

Já o diretor John Stefaniuk, que é do Canadá e tem diversas atuações nos Estados Unidos, revela aspectos brasileiros no processo de montagem:

"Eu me sinto em casa com as pessoas no Brasil, porque elas são apaixonadas, inteligentes e animadas e me fazem sentir honrado de estar aqui. Todo dia venho trabalhar e o elenco me faz rir, sorrir e chorar. Essa paixão não acontece ao redor do mundo, mas acontece aqui”, afirma o diretor geral.

Ainda sobre a temática do Brasil, ele finaliza falando sobre vantagens de trabalhar com musicais no país:

“É sempre um desafio quando você faz uma versão não réplica, ao dar sua própria voz. Eles me deram a liberdade de criar algo novo e essa liberdade faz o teatro melhor. Com frequência, quando você está nos Estados Unidos você tem várias limitações ‘você não pode fazer isso e isso’, aqui dizem ‘por que não fazer isso? Vamos fazer isso acontecer! Isso é emocionante de estar no Brasil, ter a oportunidade de dizerem a você ‘por que não?”.

Apresentação da cena "Popular". Foto: TV Cultura/Silvio Júnior

Em busca da perfeição!

Embora tenham sido muitos os elogios, o produtor Vinícius conta que o compositor Stephen Schwartz, vencedor de três prêmios Oscar, escreveu 94 notas que foram marcadas e passadas para a equipe a respeito dos pontos da peça que poderiam melhorar. Ele fez as marcações ao longo de duas exibições e um ensaio em que participou durante sua vinda ao Brasil.

O diretor do Teatro Santander também revela que não havia energia elétrica suficiente para atender a demanda da peça. Segundo ele, foi necessário fazer uma transferência de energia de outro local para manter os equipamentos em constante funcionamento.

Legião de fãs

Ao ser questionado qual seria a maior cobrança em receber um espetáculo como Wicked, Marcelo Demétrius, destaca que a maior preocupação é com os fãs, a comunidade denominada “Wicked family”.

“A gente não pode errar, a gente não pode fazer um espetáculo que vai decepcionar todos esses fãs. Os fãs merecem que seja entregue o melhor”, afirma o diretor do espaço.

Foto: Divulgação/Assessoria de Wicked

A temporada fica em cartaz até julho de 2023 com possibilidades de sessões extras.

Local: Teatro Santander - Shopping JK Iguatemi – Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041
Sessões: quinta, sexta, sábado e domingo às 19h30; sábado e domingo às 15h
Ingressos: de R$50 a R$400
Classificação indicada: Livre
Duração: 150 minutos e intervalo de 15min
Realização: Instituto Artium de Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal

Veja imagens: Webstory: Conheça 10 curiosidades de "Wicked"