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Reprodução\ instagram @liadeitamaracaoficial
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Prestes a completar 80 anos, no dia 12 de janeiro, a cantora e compositora Lia de Itamaracá aguarda para viver um dos momentos mais emocionantes de sua carreira. Em 2024, a ‘Rainha da Ciranda’ vai ser a homenageada no carnaval de Recife e será enredo de duas escolas de samba: Império da Tijuca, no Rio de Janeiro, e Nenê de Vila Matilde, em São Paulo.

Lia de Itamaracá é reconhecida internacionalmente por canções como “Eu sou Lia”, “Minha Ciranda” e “Desde Menina”. No âmbito nacional, a artista tornou-se Patrimônio Vivo de Pernambuco e recebeu, em 2019, o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Lia de Itamaracá conta como estão as expectativas para receber as homenagens no próximo ano. “Eu me sinto bem. A expectativa está maravilhosa. Estou louca para chegar o dia”, afirma.

Lia também fará turnês internacionais nos Estados Unidos e na Europa, além de ter sua vida retratada em uma série televisiva, com previsão de lançamento para dezembro de 2024.

Nascida na Ilha de Itamaracá, região metropolitana do Recife (PE), Maria Madalena Correia do Nascimento começou a se interessar pela música aos 12 anos de idade. Aos 19, a artista afirma que assumiu “a responsabilidade de cantar e gravar”, iniciando, assim, sua jornada de apresentações, sob o nome ‘Lia de Itamaracá’.

Conforme a artista pernambucana, o título artístico foi inspirado pelo trecho “esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”, contido em uma música de Teca Calazans, a qual incorporou o verso do também cirandeiro Antônio Baracho.

Carreira e dificuldades

Em 1977, Lia de Itamaracá lançou seu primeiro álbum, denominado ‘Rainha da Ciranda’. Mas, o que parecia ser a realização de um sonho, tornou-se uma frustração. A cantora precisou fazer uma pausa na carreira até a década de 90, por questões financeiras e falta de incentivo.

“Isso aí foi a falta de apoio, incentivo. Não tive nenhuma ajuda nessa época, principalmente do local onde eu moro, em Itamaracá. Eu sozinha para me virar. Não tinha capital de giro. Se eu tivesse gestores para me ajudar, tudo bem, mas eu não tive isso”, lamenta a cirandeira.

Em meio às dificuldades, Lia trabalhou como merendeira em duas escolas da região. “Trabalhei fazendo merenda para 240 crianças”, completa a artista. Hoje, Lia recebe aposentadoria por essa profissão.

Reprodução\ Instagram @liadeitamaracaoficial

A ‘Rainha da Ciranda’ também conta que o trabalho do atual empresário e produtor Beto Hees, que a acompanha há quase 30 anos, foi essencial para o retorno de sua carreira. “A chegada do Beto, para mim, foi muito importante, pois eu estava sem o empresário na época. O meu primeiro empresário que eu tive eu já tinha 'chutado o pé da barraca’ dele, porque ele não compartilhava certo comigo. Mas hoje eu estou feliz, pois o Beto é um grande produtor”, ressalta.

Apesar das adversidades, Lia declara estar muito feliz com a carreira que vem consolidando. “Venci e me sinto feliz. Hoje eu tô na paz”, diz.

Lia de Itamaracá lançou, após ‘Rainha da Ciranda’ (1977), mais três discos: ‘Eu Sou Lia’ (2000), ‘Ciranda de Ritmos’ e ‘Ciranda sem Fim’ (2019). Este último trabalho da cantora é considerado um marco em seu trabalho, por fazer uma conexão entre a ciranda com ritmos mais modernos, como o eletrônico.

Assim, a partir de ‘Ciranda sem Fim’ (2019), Lia começou a ter um maior contato com o público mais jovem. Atualmente, as músicas ‘Desde Menina’ e ‘Meu São Jorge’, do álbum em questão, ultrapassam milhões de streamings no Spotify.

A ciranda

A ciranda é uma dança popular brasileira, originária do Nordeste, principalmente dos estados da Paraíba e Pernambuco. “A ciranda está rodeada de significados que envolvem o balanço do mar, os ciclos da vida e as brincadeiras de criança. A dança é um elemento central para vivenciar a Ciranda , e, em geral, acontece com os dançantes dando as mãos em um círculo fechado e dançando em uma única direção”, define o Ministério do Turismo.

Em 2021, a ciranda foi reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Por ser um dos maiores nomes da ciranda no Brasil, Lia de Itamaracá afirma, à reportagem, se sentir honrada ao representar a dança em tantos lugares, dentro e fora do país.

"Eu me sinto feliz ao ver o público dançando ciranda, principalmente as crianças. A ciranda começa a ser dançada pelas crianças e depois pelos adultos, onde todo mundo dá as mãos e dançam. Não tem preconceito na ciranda, é uma união”, completa.

Reprodução\ Instagram @liadeitamaracaoficial

Sonhos

Ao ser perguntada sobre seus maiores sonhos na carreira, Lia responde carinhosamente: “Um sonho para eu realizar…Deus é quem sabe, pois estou nas mãos de Deus. O que Ele quiser que eu faça, eu faço, enquanto eu tiver saúde, força, garra, luta. O sonho que eu realizei na minha vida foi o de cantar, de ser cantora e ganhar o mundo com a música. De ter uma mente limpa para registrar tudo isso. Estou realizada".

Lia de Itamaracá também reconhece o apoio dos fãs para a consolidação de seu trabalho. “Para meus fãs, eu desejo muita felicidade para eles, pois eles abraçam a minha causa com muito amor e carinho desde o começo da minha carreira, até eu chegar aos 80 anos junto com eles", finaliza.