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Lucas Moreira
Lucas Moreira

O Brasil está repleto de talentos no mundo da música. Há muitos em cima dos palcos, mas também nos bastidores. Um deles é Wehbba, um dos mais conceituados produtores de techno music, uma das vertentes mais populares de música eletrônica.

Por sete anos, trabalhou exclusivamente para a Drumcode, selo de sucesso na cena techno, e  fez parcerias com grandes artistas em remixes e colaborações, como Martin Gore do Depeche Mode, Laurent Garnier, Kevin Saunderson, Danny Tenaglia, Adam Beyer e Stephan Bodzin.

Após anos vivendo na Europa, ele retorna ao Brasil para lançar a gravadora HIFN. Mas a proposta vai muito além da criação de novos sons. O plano é unir arte, literatura e educação.

“Eu trabalhei basicamente por sete anos exclusivamente com a Drumcode. Foi muito gratificante, mas sentia uma limitação na quantidade de lançamentos que fazia. Precisava de mais espaço para me expressar, inclusive no campo da escrita, que voltou pra mim com tudo na pandemia”, explica o artista.

Além da música, a HIFN terá uma comunidade, onde os membros poderão interagir com os artistas e terão materiais sobre diversas produções da gravadora.

"Um espaço online, onde todo mundo que tivesse um tipo de visão ou curiosidade pudesse acessar, se juntar e trocar informação e ideias. Se sentir livre para se expressar. Dar um pouco mais de forma para essa conversa e não só ficar espalhada aqui, ali ou num evento", afirma. 

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Todo o conteúdo gerado nos encontros serão disponibilizados na plataforma digital. A ideia é debater as produções e mostrar como as músicas são feitas.

“[O objetivo] é trazer a arte para a comunidade da música eletrônica. Para que todo mundo se sinta incluído no processo. E é todo mundo mesmo. O que eu for fazer em eventos, que serão gratuito independente do lugar no mundo que eu tiver, serão disponibilizados na comunidade. É para as pessoas irem, participarem e discutirem. A comunidade vai ser paga, porque eu tenho um custo de manter a plataforma online, mas será por uma valor bem acessível”, detalha

“Se eu fizer um evento no Japão, por exemplo, quem estiver no Brasil poderá assistir depois pela comunidade. E assim por diante”, completa. 

Nesta sexta-feira (22), o primeiro lançamento será disponibilizado nas plataformas digitais. “Nitro”, um EP com três faixas, sendo duas originais de Wehbba e uma versão “Wordscape” da faixa-título, na qual uma inteligência artificial treinada com a própria voz do artista recita um poema escrito por ele.

Mistura entre literatura e música

A música não é o único talento de Wehbba. Escrever também é uma das suas paixões. Além de produzir letras para as tracks eletrônicas, também cria poesias.

“Tem um poema meu na capa do disco [Nitro]. E desse poema, criei um curta, que também foi usado na campanha de lançamento do álbum, onde eu recitava esse poema”, conta.

“Comecei a sentir cada vez mais a necessidade de trazer isso pro meu trabalho e começar a expor um pouco mais esse meu lado. Fiz uma exposição de arte com uma amiga minha pintora, e eu escrevi poemas para cada uma das pinturas da dela. Isso foi em 2021. E de lá para cá, realmente comecei a maquinar como que eu poderia fazer isso 100% envolvido com a música”, completa.

O objetivo desse conceito, segundo o próprio musico, é ir além das letras da música e adicionar essa forma de arte nas produções da gravadora.

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“Eu queria explorar como que uma uma letra de um poema, ou uma história ou um raiku ou alguma qualquer outro tipo de formato de texto pode se integrar num álbum como um todo. Não só em uma das músicas. Como que aquilo pode fazer parte de um conjunto, que seja uma obra inteira, e que possa ser apreciada de uma forma só”, finaliza.

As poesias estamparão a capa de todas os álbuns e EPs da gravadora, inclusive da “Nitro”, primeiro lançamento do selo.