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Reprodução/Instagram Athletico Paranaense
Reprodução/Instagram Athletico Paranaense

Depois de construir uma vantagem significativa no jogo de ida, o Atlético Mineiro confirmou o favoritismo ao vencer o Athletico Paranaense por 2 a 1, na Arena da Baixada, e conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil. Apesar do título do Galo, a atual edição do torneio reservou surpresas e evidenciou a reorganização do futebol no Brasil. Clubes sem tanto poderio econômico e de receitas, como o Fortaleza e o próprio Furacão, que chegaram longe no torneio, têm dado exemplos de gestões responsáveis.

O advogado especializado em direito desportivo, Eduardo Carlezzo, aponta o Athletico Paranaense como o exemplo de maior sucesso de projeção de um clube que não fazia parte da elite nacional, que concentra os chamados "12 grandes" do futebol brasileiro, e cavou seu espaço dentro dela. “Existem vários aspectos que poderiam ser ressaltados, mas eu apontaria um em especial do CAP: estabilidade e continuidade administrativa”, declara.

Nos últimos anos, para além da boa gestão administrativa, a equipe paranaense conseguiu feitos expressivos e vive um dos melhores momentos de sua história, com os títulos da Sul-Americana de 2018 e 2021 e da própria Copa do Brasil, em 2019.

“Competir em pé de igualdade com grandes investimentos, exige tempo, convicção, coragem e resiliência, tendo a transparência com o torcedor como uma meta inegociável. Evidentemente que as disparidades econômicas, caso não se tenha convicção em um projeto de médio e longo prazos, mostram-se preponderantes para que se tenha uma significativa perda competitiva”, diz Rui Costa, com passagem pelo Furacão em 2018, e hoje está no São Paulo.

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O dirigente, que também participou do projeto de reconstrução da Chapecoense em 2017 após o trágico acidente aéreo, ainda destaca que “a única maneira de enfrentar um rival com mais dinheiro é trilhar o caminho longo, até que se possa desenvolver projetos competitivos que superem a escolha individual e pontual de atletas de alto custo e de notória capacidade técnica”.

Outro caso de sucesso na temporada de 2021 no futebol brasileiro, o Fortaleza fez uma temporada de dar orgulho aos seus torcedores. Além de chegar até a semifinal da Copa do Brasil, também eliminado pelo Atlético-MG, o Leão do Pici terminou o Campeonato Brasileiro na quarta colocação e garantiu vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores da América, feito inédito na história do clube.

Diante de um orçamento bem inferior a maioria dos times da elite do futebol brasileiro, a equipe nordestina faz todo e qualquer investimento com muita inteligência, uma vez que o quadro financeiro da instituição não permite erros. Em 2021, o Fortaleza projetou uma receita de aproximadamente R$ 94 milhões, valor equivalente a apenas 10% da expectativa estimada pelo Flamengo, por exemplo, que deve alcançar R$ 984 milhões este ano, sem considerar os valores em premiações.

“Nós temos consciência desta margem de erro e por isso prezamos por uma gestão competente e responsável, acima de tudo. Cada investimento ao longo da temporada é feito com suporte de tecnologia e análise de desempenho para mapear corretamente jogadores e treinadores”, destaca Marcelo Paz, presidente reeleito do Fortaleza até 2024.

Nova ordem no futebol brasileiro

As equipes tradicionais do futebol brasileiro têm sofrido com crises financeiras e esportivas nos últimos anos. Por um outro lado, a má gestão abriu espaço para clubes emergentes, como o Cuiabá, que este ano disputou o Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história e, além de permanecer na Série A, principal objetivo na temporada, ainda alcançou uma vaga na Sul-Americana.

“Não sei se é o início de uma nova ordem, mas sim um momento de quebra de paradigmas, em que os mais organizados e estruturados vão ganhar espaço. A gestão em qualquer negócio é fundamental. Cito o Ceará e o Fortaleza como exemplo, o Atlético Goianiense, clube aqui da nossa região, que trabalha com orçamento muito mais baixo que a grande maioria e está se consolidando na Série A", argumenta Cristiano Dresch, vice-presidente do Dourado.

Para Marcelo Segurado, executivo de futebol do Santa Cruz, a principal armadilha para as agremiações de maior expressão é a ideia de que somente a camisa vai fazer com que o resultado venha. “Quando uma instituição dessas cai, é em virtude de erros que vêm sendo cometidos por vários anos. Um time não cai pelo planejamento errado de um ano. Assim como os que ascendem de séries inferiores não chegam lá por um ano extraordinário”, acrescenta o executivo.

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