Francielle Mattos é uma das maiores fisiculturistas de todo o planeta na atualidade. A atleta brasileira venceu duas vezes o Olympia (competição mais difícil e importante do mundo, a “Copa do Mundo” desse esporte) na Wellness (categoria feminina que surgiu no Brasil e foi integrada à Liga Profissional da “Federação Internacional de Fisiculturismo & Fitness” recentemente) e, em 2023, quer buscar o tricampeonato.
Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, a fisiculturista da Integralmédica conta como é ser vista como a “rainha” de sua modalidade, como conciliar a maternidade com o esporte e como vai manter seu reinado nos palcos em Orlando, nos Estados Unidos.
Olympia
Desde que a Wellness chegou ao Olympia, ainda em 2021, apenas uma mulher conseguiu conquistar o título. Dentre todas as categorias do campeonato, Francielle é uma das campeãs mais dominantes. Seu físico é enxergado como o padrão da categoria.
Aquela que se senta ao “trono”, para ela, serve como uma “representante” do esporte e uma fonte de inspiração para as pessoas.
“Tem cada vez mais adeptos desse esporte. Vejo mais mulheres falando coisas como ‘eu quero ser atleta por causa de você’, ‘você me motiva’. Isso é o que me emociona e o que me faz continuar”, pontua a fisiculturista.
Neste ano, Francielle quer conquistar o Olympia pela terceira vez consecutiva e manter seu reinado. No entanto, ela sabe que esta não será uma tarefa fácil: “vejo muitas atletas muito boas ali no topo (...) neste ano, o nível vai estar mais forte”.
Apesar de citar Isa Pereira, Rayane Fogal e Angela Borges – atuais top2, top3 e top5 do Mister Olympia, respectivamente – como possíveis concorrentes ao título, ela aponta quem é sua maior rival: “a atleta que mais me faz evoluir sou eu mesma. Olho para o físico do ano passado penso que preciso ser melhor”.
Maternidade
Muitas mulheres já disseram – ou, ao menos, ouviram – a frase “depois que for mãe, cai tudo”. A fisiculturista, no entanto, discorda desse pensamento, e relembra de um caso: “Teve uma vez em que eu estava no banheiro da academia, e aí uma mulher me falou: ‘nossa, que corpo! Aproveita, porque depois dos filhos, tudo muda’. Respondi: ‘sério?! Eu já tenho dois’.”
“Realmente, existem várias fases, eu acho que a gente tem que saber aproveitar. Quando eu me tornei atleta, os meus filhos eram bem pequenos, então foi uma fase muito mais complicada (...) me sentia até um pouco egoísta por investir na carreira. Não poder ir passear no parque, não poder viajar, tudo em prol desse esporte”, aponta Francielle.
Para a atleta, o segredo é “saber balancear” tudo. Dentre exercícios de mobilidade, alongamento, musculação, sessões de pilates e tudo o que envolve sua preparação, ela gasta de três a quatro horas diárias.
Francielle acredita que o fisiculturismo é “um pouco mais complicado para as mulheres, porque existe esse reloginho biológico – ou até a própria cobrança da sociedade e da família – para que ela que ela engravide. E o sonho de ser atleta é mais dos 20 aos 30 anos de idade. Muitas atletas optam por parar de competir e realmente curtir a maternidade. Tem outras que optam por não ser mãe para não parar de competir. São escolhas”.
Apesar de parecerem completamente opostas, a gravidez e a musculação podem andar juntas: “comecei a fazer musculação depois de ter minha primeira filha. Quando eu engravidei do meu filho, eu já fazia a musculação. Eu treinei até faltarem dois dias para eu tê-lo. Depois, demorou de 30 a 40 dias para meu corpo ‘voltar’. Foi muito rápido. Eu falo para as mulheres que essa constância na academia te ajuda demais.”
Fisiculturismo feminino
Muitas vezes, um homem musculoso é mais admirado e sofre menos preconceito do que uma mulher musculosa. Entretanto, poucos sabem que, no fisiculturismo, o Brasil chegou mais longe com as mulheres do que com os homens.
Enquanto nenhum brasileiro conseguiu se tornar o Mister Olympia até o momento, diversas brasileiras se tornaram a Miss Olympia.
“O fisiculturismo vem crescendo no Brasil – tanto o feminino quanto o masculino”, aponta Francielle. Para ela, o alavancamento do esporte dentre as mulheres se deve, em grande parte, ao sucesso das categorias Bikini e Wellness.
“Antigamente, eu também tinha um preconceito sobre as mulheres fortes. Isso mudou muito porque, hoje em dia, as mulheres querem se aproximar do físico de uma atleta Wellness. As magrinhas querem chegar perto do físico de uma Bikini. Isso é muito legal. A gente vê o quanto a gente inspira pessoas”, completa a fisiculturista.
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