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Reprodução/Instagram @moraesbodybuilder
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O Mister Olympia é o título mais desejado do fisiculturismo mundial. A honra é concedida aos atletas que vencem o Olympia, competição que, neste ano, acontecerá entre os dias 15 e 18 de dezembro em Las Vegas, nos Estados Unidos

Um dos representantes do Brasil na 212 - categoria na qual os atletas podem pesar até 212 libras, equivalente a 96,1616 quilos - é Felipe Moraes, que conseguiu sua vaga para o campeonato após vencer Fabrício Moreira na Expo Super Show 2021, que aconteceu no final do ano passado.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o fisiculturista fala sobre seus treinamentos para atingir a alta performance e mostra confiança para sua estreia no palco mais importante do esporte.

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Altas cargas

Diferentemente de um levantador de peso, o objetivo de um fisiculturista não é, necessariamente, realizar exercícios com o máximo de carga possível. Para que os músculos cresçam, é preciso de estímulos que sinalizem a hipertrofia ao corpo, ou seja, é necessário um treino que misture carga, repetições, técnica e intensidade.

"Não adianta nada eu ficar só puxando o peso, sem direcionar ele para onde eu quero trabalhar. Meu trabalho é o fisiculturismo, ou seja, é melhorar o corpo. Então eu preciso desse direcionamento nas partes que eu quero. Eu não sou um levantador de peso", explica o atleta.

Moraes é tido como um dos fisiculturistas mais fortes do Brasil, porque alia a técnica necessária na musculação com altas cargas. Em treinos de RM (Repetição Máxima. Treino voltado à força, no qual você testa qual é o peso com o qual você consegue realizar apenas um movimento), ele já chegou a fazer supino com 250kg, agachamento com 285kg e levantamento terra com 300kg.

Para o fisiculturista, a intensidade é necessária para se atingir uma maturidade muscular competitiva: "Acho que a carga é necessária quando você sabe trabalhar com ela. Uma coisa que eu reparo muito é que as pessoas, na maioria das vezes, não tem um meio termo. Ou é muita carga e a execução de qualquer jeito, ou é simplesmente muita técnica sem carga. Na minha opinião, o que sempre foi melhor para mim, é conciliar os dois. Colocar o máximo de técnica para o máximo de carga. Não abandonar a carga, mas também não abandonar a técnica".

O atleta também diz que o fato de levar os treinamentos ao extremo é que, nos campeonatos, há vezes em que ele aparenta estar mais condicionado do que realmente está. Isso é chamado de 'densidade muscular'. "Se você ver minhas competições de 2017, 2018, eu não estava tão seco, mas pela minha densidade eu aparentava estar em uma condição muito boa. Muitas vezes eu não tive a pele fina, mas sim densidade e profundidade de cortes", aponta.

Segundo Moraes, a força de um esportista "pode ser trabalhada e melhorada, como qualquer outra capacidade física", mas a "genética influencia bastante".

Prevenção de lesões

"Lesão é algo muito complicado, porque você sente, o corpo te dá sinais muitas vezes, mas há outras em que ele não dá. Então é um tiro no escuro. Para prevenir lesões, eu gosto de alongamento e exercícios de mobilidade, saber a hora de realizar o treino mais intenso. A técnica é primordial. Quanto menos técnica você tem, maior é o risco de você ter uma lesão séria", conta Moraes.

Quando levado ao máximo, o treino de musculação pode ser perigoso. Por isso, diversos atletas aliam a academia a outros cuidados fora dela. O fisiculturista, por exemplo, realiza consultas com fisioterapeuta pelo menos duas vezes por semana. Ele ainda ressalta que há "inúmeros" riscos quando se pratica a atividade física levada ao extremo.

"É um pouco arriscado. Conforme vão acumulando os anos de treinamento e você vai envelhecendo, aumenta o risco de lesão. Há o desgaste das articulações, dos tendões, então vai ficando mais perigoso. Faço com o máximo de carga que eu posso e tento colocar mais técnica, mais controle", ressalta o atleta.

Moras também fala lembra dos treinos de RM, e alega que "dificilmente faria de novo, porque foi fazendo isso que eu me machuquei. Fazendo o treino de RM. Não foi nada muito sério, não precisei operar, mas perdi pelo menos três meses de treino."


Old School

Ao citar Arnold Schwarzenegger, Mike Mentzer, Franco Columbu, Kevin Levrone e Dorian Yates como suas principais referências no fisiculturismo, Moraes chama atenção para a importância da intensidade do treino e afirma que, no passado, os físicos eram melhores que os atuais, em média.

"Acho que o treinamento é muito mais importante do que boa parte das pessoas acham. Há 30 anos atrás, o nível técnico do esporte era mais alto. E se você comparar a informação e o acesso que temos agora com os que eles tinham naquele tempo, era para sermos melhores. Então alguma coisa deu errado nesse caminho. A primeira coisa que a gente nota é a questão do treinamento. Parece que eles tinham mais vontade, eram mais ‘raçudos’. Você vê o Dorian Yates treinando… era insano! Ninguém fazia aquilo", completa.


Olympia 2022

Moraes busca mostrar a que veio em dezembro. Ele acredita que, logo em sua estreia, pode brigar pelas primeiras colocações. Ele também declara, "sem sobra de dúvidas", que chegará a Las Vegas para chocar o mundo.

"Aposto muito no meu conjunto e no meu condicionamento, que é o que repercutiu muito desde meu último campeonato. Fui orientado e instruído a apostar nisso. Não preciso de muito mais, só trabalhar em cima disso e apresentar, no mínimo, o mesmo condicionamento que na expo. Quero subir no Olympia como o mais condicionado de todo o campeonato", concluiu.

Além de Moraes, Lucas Coelho também representará o país na categoria 212 do Olympia. No dia 5 de novembro, o campeonato FitPira, que será realizado em Piracicaba (SP), dará outra vaga ao show. Participarão do evento nomes como Eduardo Correa, Fabrício Moreira e Douglas Silva, por exemplo.