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Montagem : Miguel Rocha e Getty Images
Montagem : Miguel Rocha e Getty Images

Mais de dez anos depois do episódio, Mário Gobbi, presidente do Corinthians entre 2012 e 2015, classificou a eliminação da equipe alvinegra nas oitavas de final da Libertadores de 2013, diante do Boca Juniors (ARG), como uma “vergonha”, “ladroagem” e “vandalismo” por parte da Conmebol, entidade que organiza competições de futebol na América do Sul.

Na ocasião, o clube brasileiro perdeu o jogo de ida por 1 a 0, na Argentina, e empatou a partida de volta em 1 a 1. Torcedores corintianos reclamam de diversos erros de arbitragem durante o confronto, que teve como árbitro o paraguaio Carlos Amarilla.

A declaração de Gobbi foi dada no evento de oficialização da candidatura de André Luiz Oliveira, também conhecido como “André Negão”, à presidência do Corinthians.

Nós estávamos com o time voando baixo, íamos ser bi-campeões da Libertadores… tiraram a gente no Paca (Pacaembu), que vergonha, que ladroagem, que vandalismo, que mau caratismo”, comentou o ex-presidente.

Gobbi atribui a eliminação à uma suposta resposta da entidade sul-americana à morte do adolescente Kevin Espada, de 13 anos, durante o jogo entre San José (BOL) e Corinthians, na Bolívia, válido pela primeira rodada da Libertadores daquele mesmo ano. Após o gol da equipe brasileira aos cinco minutos do primeiro tempo, marcado pelo atacante Paolo Guerrero, o jovem boliviano foi atingido por um sinalizador naval disparado por um torcedor do Corinthians.

O fato aconteceu em 19 de fevereiro de 2013, na cidade de Oruro. O confronto entre as duas equipes seguiu até o final e terminou em 1 a 1.

Foram soltar um luminoso em Oruro, que matou um torcedor, o que que eu tenho a ver com isso? O que o Corinthians tem a ver com um torcedor que soltou um luminoso que ele nem sabia que tipo de luminoso era. Se a segurança do estádio deixa ele entrar com luminoso… por acaso existe um concurso público em que se avalia quem vai ser torcedor, quem pode entrar no estádio… é o Corinthians que seleciona isso?”, falou Gobbi.

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Repercussão do caso Kevin Espada

Após a morte de Kevin Espada, doze torcedores corintianos que estavam no estádio Jesús Bermúdez foram presos pela polícia boliviana, acusados de participarem do crime. Eles permaneceram detidos no país por mais de cem dias.

Enquanto isso, já de volta ao Brasil, um menor de idade identificado depois como Helder Alves Martins, membro da torcida organizada Gaviões da Fiel, assumiu a autoria do disparo que matou Kevin.

Sete corintianos foram liberados em junho de 2013. Os outros cinco foram soltos no mês seguinte. As negociações pela soltura dos torcedores envolveram a diplomacia brasileira e boliviana. Ninguém foi criminalmente responsabilizado pela morte do jovem.

O Corinthians levou uma punição de um jogo como mandante com portões fechados, a proibição de torcida visitante em jogos fora de casa por 18 meses nas competições da Conmebol e teve que pagar uma multa de US$ 200 mil na época.

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Arbitragem duvidosa

No jogo de volta entre Corinthians e Boca Juniors, nas oitavas da Libertadores de 2013, realizado no Pacaembu, o time brasileiro precisava virar um placar de 1 a 0.

Os corintianos reclamam até hoje da não marcação de um pênalti claro do zagueiro Marín, do Boca, que deu um tapa com a mão na grande área; um gol legal de Romarinho anulado por impedimento e um outro pênalti em Emerson Sheik após um suposto empurrão.

Três anos depois da arbitragem polêmica, a emissora argentina américa divulgou gravações entre Julio Grondona, ex-vice-presidente da FIFA e presidente da Federação Argentina entre 1979 e 2014, e Abel Gnecco, representante da Federação Argentina no Comitê de Arbitragem da Conmebol.

Os áudios indicam que Grondona teria interferido na escolha de Amarilla para a partida entre Corinthians e Boca.

Ele se saiu bem, ninguém queria esse louco, mas, no fim, foi o reforço mais importante do Boca”, disse Grondona na gravação.

No material, Gnecco fala em como pressionou “Alarcón” (uma possível referência a Carlos Alarcón, ex-presidente da Comissão de Árbitros da Conmebol) para escalar Amarilla.

"’Gostam aí na Argentina do Amarilla?’ Olha, se não gostam dele, não sei. Eu gosto, bota ele e deixa de me encher o saco. Para Alarcón, me bota o Amarilla e para de encher. Bom, assim foi, o pôs e bom... e saiu bem porque, bom, tem que ser assim”, disse Gnecco nas gravações.

Carlos Amarilla chegou a se manifestar sobre as suspeitas na época. Ele negou qualquer envolvimento em esquemas de arbitragem, além de disparar contra Gnecco: “É melhor que eu não tenha pela frente esse senhor. Não sei do que sou capaz (...) Tenho a consciência tranquila”.

Em entrevista ao jornal argentino Diario Olé, depois do vazamento dos áudios, Gnecco disse que a conversa com Grondona, que morreu em 2014, tinha ironia, e que o então presidente da AFA fez um comentário de “boleiro”.

Gnecco também negou a existência de qualquer esquema para prejudicar a equipe brasileira.

"Eu enviei uma nota à Conmebol e à Associação de árbitros do Paraguai deixando claro que eu não conhecia o Amarilla pessoalmente (...) eu gostava do Amarilla porque se parecia comigo quando eu dirigia, sempre com cara séria, duro, de poucas palavras com os jogadores", declarou à época.

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