O Union Berlin entra em campo neste domingo (3) contra o RB Leipzig tentando manter a liderança da Bundesliga.  O confronto marca o duelo de duas equipes completamente diferentes na história do futebol alemão. Enquanto o time da capital tem origem popular, o Leipzig é comandado por uma grande empresa. 

O Union surgiu em 1906 no subúrbio da capital e com o nome de Olympia Oberschöneweide. Em 1920, o Olympia trocou seu nome para Union Oberschöneweide e se mudou para Köpenick, mesmo município do time atual.

Uma guerra que atrapalhou a evolução

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a capital alemã foi dividida entre as quatro nações aliadas e, no começo da Guerra Fria, o Union se dividiu em dois, pois os atletas do lado soviético não podiam mais viajar para o lado capitalista para jogar a liga da época.

O novo clube da Alemanha Ocidental foi chamado de Sport-Club Union 06 Berlin. O que restou do antigo clube continuaria a jogar em competições regionais e, durante a década de 1950, mudaria algumas vezes de nome antes de se estabelecer em 1966 como 1. FC Union Berlin.

Na liga da Alemanha Oriental, a antiga DDR-Oberliga, o time não era uma potência. Eles chegaram a liderar a liga apenas duas vezes, e nunca foram campeões. O maior título da equipe foi uma Copa da Alemanha Oriental, em 1968.

Queda do Muro e quase falência

No ano de 1989, o muro que dividia os lados leste e oeste de Berlim caiu, e as ligas de futebol se fundiram. Com muito menos dinheiro, e em uma região mais pobre no país, os clubes orientais foram perdendo pouco a pouco seus melhores jogadores para o lado ocidental.

Dessa maneira, os times do ex-lado comunista foram caindo de divisão e sendo extintos do futebol alemão. O Union quase seguiu o mesmo destino.

Assim como as outras equipes, o clube passou por muitas dificuldades financeiras que fez com que a equipe não pudesse jogar a segunda divisão, apesar de ter vencido a terceira por duas vezes nos anos 90. Na época, a Bundesliga negou a licença ao clube. O Union Berlin apresentou garantias bancárias falsificadas e a liga alemã descobriu o movimento.

Como consequência, o Union precisou se desfazer de seus principais jogadores, como Marko Rehmer e Sergej Barbarez, mas nem assim os Eisernen conseguiam quitar seus débitos. 

A situação chegou a um limite em fevereiro de 1997, quando a imprensa já apontava que a falência era inescapável. Então, cerca de três mil torcedores organizaram uma manifestação no Portão de Brandemburgo para evitar a bancarrota. A iniciativa chamou a atenção da mídia. O Studiocanal e a Nike ofereceram patrocínios ao clube, que evitaram a quebra imediata.

Apesar de toda a crise, o Union Berlin conseguiu se sustentar. E começaria a se reerguer no ano de 2001. Na ocasião, o clube ganhou a terceira divisão mais uma vez e, finalmente, pôde participar da Bundesliga 2.

Ainda no mesmo ano, eles conseguiram chegar na sua primeira final da Copa da Alemanha, mas perderam para o Schalke por 2 a 0. No ano de 2004, os torcedores novamente salvaram o clube da falência mais uma vez.

Renascimento e a "União de Ferro"

Na temporada 2008-09, veio a histórica promoção para a primeira divisão após um playoff contra o Stuttgart. O Union Berlin se tornou o primeiro clube de Berlim Oriental a chegar na Bundesliga.

O clube retornou para a elite na temporada de 2019-20, e está se estabelecendo como uma equipe sólida na Bundesliga. A disciplina e resiliência dessa região da Alemanha se refletem no apelido do time: Eisern Union, ou "União de Ferro".

Já no segundo ano na Bundesliga, Union Berlin se classificou para a Conference League depois de terminar em sétimo lugar na tabela. Na temporada seguinte, o clube terminou em quinto lugar na Bundesliga e garantiu vaga para a Europa League, onde conseguiu chegar às oitavas de final.

Já na última temporada 2022–23, o Union Berlin se classificou para a fase de grupos da Champions League, sendo a sua primeira participação da história na competição.

Você pode acompanhar o jogo da tela da TV Cultura, no site da emissora ou no aplicativo Cultura Play. A transmissão ao vivo terá início a partir das 12h30, com narração de Marco de Vargas e comentários de Arnaldo Ribeiro.

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