Fundação Padre Anchieta

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Reprodução/ X @DFB_Team
Reprodução/ X @DFB_Team

A Copa do Mundo de 1974 foi a primeira realizada na Alemanha. Desde sempre uma das principais potências do esporte, o país foi prejudicado pelo regime nazista e seu consequente envolvimento na Segunda Guerra Mundial.

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Seria natural que recebesse uma Copa nas décadas de 40 e 50, mas o próprio conflito e a necessidade de reconstrução da nação germânica adiaram o objetivo. A Espanha chegou a concorrer com a Alemanha, mas retirou a candidatura em troca de apoio oito anos depois.

Dois garotos, Tip e Tap, foram os mascotes da competição, em gesto que foi encarado como um símbolo de união esportiva entre as duas Alemanhas, a Ocidental e a Oriental, na época separadas.

Nova taça do mundo e título para a Alemanha

Após o Brasil conquistar de vez a Jules Rimet, a Fifa apresentava o novo troféu, de ouro maciço e 37 centímetros. O globo sobre uma base, desenho do italiano Silvio Gazzaniga, é até hoje a taça do mundo.

O novo troféu acabou ficando com a anfitriã do torneio, que venceu a Holanda por 2 a 1. A seleção holandesa marcou primeiro antes mesmo que os alemães tocassem na bola, mas os donos da casa viraram ainda no primeiro tempo e acabaram como campeões do mundo. Franz Beckenbauer teve a responsabilidade de erguer a taça pela primeira vez.

Reprodução/FIFA

Futebol revolucionário da Laranja Mecânica

Na Copa do Mundo de 1974, os fãs de futebol tiveram o privilégio de acompanhar a ascensão de uma das melhores equipes de futebol da história: a seleção holandesa de Rinus Michels, que ficou conhecida como Laranja Mecânica – em homenagem à cor da camisa e ao nome do filme de Stanley Kubrick, de 1971.

Os holandeses, apesar de perderem o título da competição, encantaram pelo jeito irreverente de jogar, chamado de Futebol Total, que inspira até hoje equipes de sucesso como Barcelona, Ajax e Manchester City.

O Futebol Total, onde todos marcavam e atacavam, deu origem ao famoso Carrossel Holandês, que goleou fortes adversários, como a Argentina, além de eliminar a seleção brasileira com vitória por 2 a 0.

O esquema de jogo implantado pelo técnico Rinus Michels, que à época comandava o Barcelona, foi um sucesso na Copa e ajudou a Holanda, do jovem fenômeno Johan Cruyff, a terminar o torneio com cinco vitórias, um empate e uma derrota, justamente contra a Alemanha Ocidental na final.

Reprodução/ TV Cultura

Cobertura da TV Cultura

Na Copa do Mundo de 1974, pela primeira vez, os torcedores brasileiros assistiram à transmissão em cores dos jogos da seleção brasileira. A competição foi televisionada pela TV Cultura, Rede Globo, Tupi e REI.

A DOZ/Filmmer foi a empresa responsável pelo trabalho da geração de imagens dos jogos do Mundial, que mobilizou 54 câmeras em 16 unidades de transmissão externa, onde cada um dos nove estádios era equipado com seis câmeras.

Durante os jogos, 19 partidas foram transmitidas ao vivo e outras 19 em vídeotape. As transmissões se iniciavam 15 minutos antes e encerravam cinco minutos depois do apito final.

A TV Cultura exibiu os jogos nos próprios estúdios da emissora, localizados no bairro da Água Branca, em São Paulo, e teve a responsabilidade de comandar a Rede Nacional das Emissoras Educativas coligando as emissoras de Recife, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, São Luiz e as retransmissoras de João Pessoa Manaus e Vitória.

A equipe da TV Cultura contava com as narrações de Luiz Noriega e José Carlos Cicarelli e os vídeo-tapes com Carlos Eduardo Leite. O jornalista Orlando Duarte esteve in loco como correspondente da equipe fazendo entradas diárias por telefone nos telejornais “É Hora de Esporte” e “Hora da Notícia”.

Em uma época totalmente diferente, pouco se conhecia sobre boa parte do futebol europeu. Preocupado com a pronúncia dos nomes, Luiz Noriega foi até o consulado holandês em São Paulo para descobrir a forma correta de se falar os nomes dos atletas.

“Eu era pequeno, mas lembro dele fazendo esse estudo, não só da Holanda, mas de outras equipes também. Existia uma preocupação de como se pronunciava o nome de Johan Cruyff”, relembra o jornalista Maurício Noriega, filho de Luiz Noriega, em entrevista ao site da TV Cultura.

Segundo o comunicador, o pai ia da casa para os estúdios da TV Cultura durante toda a competição, ficando no ar se ele estava ou não na Alemanha.

“As pessoas pensaram mesmo que ele estava na Alemanha. Me lembro de assistir um dos jogos na escola e meus amigos falando: ‘Que legal, seu pai está lá na Alemanha’, e eu tinha que manter a história”, relembra.

Maurício Noriega diz que, à época, o narrador ficou bravo pelas chances perdidas pela Seleção Brasileira durante a partida contra a Holanda, na qual o Brasil acabou eliminado.

Quarto lugar da Seleção Brasileira

A seleção brasileira era a atual campeã mundial e havia feito uma Copa espetacular em 1970, no México. Tinha o mesmo técnico, Mario Jorge Lobo Zagallo, mas já não contava com Pelé, que deixou a seleção em 1971, e vários outros heróis do tri, como Tostão, Gérson e Carlos Alberto. O Brasil ainda possuía alguns dos melhores jogadores do mundo: Leão no gol, Luís Pereira na zaga, Rivellino no meio e Jairzinho no ataque.

Na fase semifinal, o Brasil caiu no grupo da poderosa Holanda. Antes de se preocupar com os holandeses, porém, os donos da amarelinha tinham dois desafios: Alemanha Oriental e Argentina.

A equipe venceu a Alemanha Oriental por 1 a 0, com um gol de falta de Rivellino. Contra a Argentina, no sempre tenso clássico sul-americano, nova vitória: 2 a 1, gols de Jairzinho e Rivellino.

Diante do esquadrão de Johann Cruyff, no entanto, o Brasil não encaixou. Os holandeses aproveitaram e venceram por 2 a 0 e foram para a final contra os donos da casa.

“Isso faz parte, acontece que não era para o Brasil ser campeão. Holanda e Alemanha eram seleções melhores e, na minha opinião, a Holanda merecia o título”, conta Roberto Rivellino, comentarista do Cartão Verde e camisa 10 na Copa de 1974.

Restou ao Brasil a disputa do terceiro lugar contra a Polônia, país sem tradição em Copas, mas que havia conquistado a medalha de ouro olímpica dois anos antes. A equipe que fez o último jogo teve cinco alterações em relação à estreia. Mesmo com as mudanças, perdeu por 1 a 0, gol de Lato, artilheiro da Copa.

Reprodução/ FIFA

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