Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Unsplash
Unsplash

A alimentação das crianças, muitas vezes, é um dilema na vida dos responsáveis, que não sabem mais o que fazer para que os pequenos comam de forma saudável. Em consequência ocorre a “forçação de barra”, no caso, de legumes, verduras, frutas ou outros alimentos importantes para o desenvolvimento da criança, mas que ela não gosta. Apesar da intenção ser boa, isso pode contribuir para uma neofobia alimentar.

Para esclarecer o assunto, o site da TV Cultura conversou com a nutricionista infantil Camila Garcia.

Como o próprio termo sugere, neofobia alimentar (neo = novo, fobia = medo ligado aos alimentos, no caso) é quando a criança tem pavor de determinado alimento. Assim, ela não pode ver, pegar, sentir o cheiro e muitos menos ingerir aquilo.

Camila conta que esse medo se deve por várias situações. “Pode ser tanto uma questão física, por exemplo, que tem múltiplas alergias alimentares, então já passou muito mal ou até mesmo foi internada várias vezes, aí ela não consegue comer. Até questões ambientais, do responsável forçar muito essa criança a comer, ela começa a pegar medo, pavor”.

A criança que sofre essas situações vai desenvolvendo uma aversão e isso pode se transformar em medo. “Chantagem também contribui, ‘você só pode comer chocolate, se você comer todo o alface’. Ela vai criando uma resistência com aquele alimento, porque tem que comer o ruim para ganhar o bom, e isso pode virar uma aversão mais para frente”, explica.

Neofobia, seletividade alimentar e recusa alimentar são coisas diferentes. A seletividade alimentar infantil é quando o bebê nega alguns alimentos, tem falta de apetite e pouco ou nenhum interesse pela comida. Não é normal, mas pode acontecer com qualquer criança. Ela tem preferências alimentares muito restritas e não se motiva a comer determinados alimentos.

Neste caso, o pequeno não come um ou mais dos cinco grupos alimentares: proteína, leguminosas, verduras, legumes e carboidratos. O ideal é que o prato contenha um alimento de cada grupo para ser uma refeição completa. Com a seletividade, ela não come a maior parte dos alimentos do grupo.

Agora, se a criança não come cenoura, mas come vários outros legumes, como beterraba, chuchu, abobrinha, berinjela, tomate, ela não é seletiva. É apenas um alimento que ela não aceita.

De acordo com Garcia, a recusa alimentar é muito mais pontual e acontece em fases. Pode ocorrer em vários momentos da vida, desde o comecinho da introdução alimentar, onde ela recusa porque está aprendendo, até crianças maiores, que quando nasce um irmão, por exemplo, muda muito a rotina da casa, assim ela pode apresentar recusa alimentar.

“A alimentação é um dos principais pilares para a criança falar: ‘Ei, tem alguma coisa acontecendo aqui que eu não sei o que é’. Então até mesmo questões ambientais, comportamentais, podem vir como uma recusa alimentar na criança”.

Por ser bem pontual, a recusa alimentar tem curta duração, e costuma durar uma ou duas semanas no máximo. Caso o responsável não saiba lidar com essa situação, é possível que evolua para uma seletividade ou até mesmo neofobia, alerta a nutricionista.

A neofobia alimentar é a mais grave desses três problemas alimentares e exige atenção redobrada por ter impacto direto na saúde da criança, como a falta de micronutrientes, já que uma pessoa neofóbica não consome quase nenhum grupo alimentar.

“Isso pode comprometer vários fatores, desde desenvolvimento, crescimento, ganho de peso, até questões, como humor. É uma criança que fica mais irritada porque não recebe calorias, micronutrientes essenciais. Pode alterar o sono, não dorme bem porque não se alimenta direito durante o dia. Pode acarretar desenvolvimento cognitivo, uma criança que não presta atenção na escola, que começa a tirar notas baixas, porque não consegue se concentrar, por não receber micronutrientes essenciais através da alimentação”, argumenta Camila.

Veja webstory: O que não pode faltar no cardápio da criança

Tratamentos e dicas

Primeiro entender o que é isso na criança. É uma dificuldade real, não é besteira, não é frescura, e isso não é responsabilidade dela, é responsabilidade dos pais, pontua a especialista.

Depois, é importante buscar ajuda com profissionais. Seja ele nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, e uma junção, quanto mais multidisciplinar for, melhor, porque cada profissional vai agregar no tratamento para ajudá-la.

“Entender que a neofobia é como qualquer outra fobia. Se você tem medo de altura, por exemplo, não vai conseguir se jogar de um paraquedas amanhã, mas é totalmente possível esse tratamento até conseguir chegar lá”, exemplifica. “Então existe um processo e exige tempo, não é de um dia pro outro que uma criança neofóbica vai conseguir por um alimento na boca e comer, e todo esse tratamento começa antes do prato, antes do cardápio”, acrescenta.

Camila Garcia reforça o papel dos responsáveis no tratamento da neofobia alimentar. Segundo a nutricionista infantil, passar segurança para a criança é muito importante para que ela se sinta tranquila na hora de experimentar os alimentos.

Veja o Minuto Cultura sobre neofobia alimentar infantil:


Leia também: Sem máscara, Bolsonaro recebe conselheiro de Segurança Nacional dos EUA; Empresário afirma que tinha a função de “facilitador” no Ministério da Saúde