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A segunda maior favela de São Paulo recebeu, nesta quinta-feira (27), a campanha 'Bora Testar'. A iniciativa é uma parceria de três agências com a G10 favelas, organização que promove o desenvolvimento de comunidades ao redor do Brasil. O objetivo é testar até 600 moradores de Paraisópolis em uma semana.

"São testes que nós vamos espalhar na microrregiões para ter um retrato da situação atual da Covid-19 em Paraisópolis, mas, principalmente, poder fazer um processo de prevenção e isolamento, para que a população não fique exposta nesse momento", explicou Gilson Rodrigues, presidente da Associação dos Moradores de Paraisópolis. "Nós estamos, na verdade, em uma situação de anormalidade ainda mais grave por conta da fome e do desemprego."

Os exames feitos hoje são do tipo sorológico, que avaliam a presença do vírus no sangue. Dependendo do resultado, é possível saber se o paciente está ou não infectado e se ainda pode transmitir a doença. 

Os primeiros a passarem pelo procedimento foram os trabalhadores da ação. Caio Costa é socorrista da equipe e faz questão de testar sempre. "A gente tem que ter uma rotina de testes, né? Porque a gente tem uma vulnerabilidade muito maior de conter o vírus, por estarmos indo nas casas de todas as pessoas aqui da favela", afirmou. 

Ações como esta fazem parte da 'operação de guerra' que Paraisópolis montou, a fim de conter o coronavírus. Segundo o Instituto Pólis, até maio, a média de mortes da comunidade era de 21 pessoas para 100 mil habitantes, menos da metade do índice municipal. 

Desde o início da crise, a favela criou um sistema de presidentes de rua, em que cada via tinha o seu representante. A ideia foi fundamental para organizar ações, como entrega de alimentos, cadastramento de programas sociais e as próprias testagens. 

"Nós temos 12 iniciativas, que vão desde a contratação de ambulâncias, criação de casas de acolhimento, formação de brigadistas, que têm sido exemplo no País inteiro e que têm diminuído muito a nossa taxa de mortalidade e de contaminação, que, hoje, na favela é menor do que na cidade", explicou Rodrigues. 

O 'Bora Testar' será feito em 14 das maiores favelas do Brasil, espalhadas por nove estados. Em Paraisópolis, a ação começou hoje e vai até o dia 3 de setembro. 

"A testagem, a gente já viu em diversos países que funciona mesmo, como uma maneira de conter o vírus, porque, a partir dela, você pode tomar decisões e fazer com que, de alguma maneira, a gente possa decrescer nessa curva, que tem se mantido tão reta nesse platô. E é isso que a gente quer com o projeto", afirmou Cláudia Daré, organizadora da campanha.