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Setembro Amarelo reforça atenção à 'pandemia de transtornos mentais'; saiba quando procurar ajuda

"O número de pessoas traumatizadas aumentou significativamente. É um fenômeno jamais visto no nosso tempo e que, de fato, tem comprometido a saúde mental da população mundial", afirmou o psiquiatra Júlio Peres ao Jornal da Tarde


01/09/2020 15h25

O isolamento social garantiu a proteção de muita gente contra a Covid-19. No entanto, a ansiedade e a tristeza despertadas neste período causam outra preocupação: a Organização Mundial da Saúde (OMS) já fala em uma 'pandemia de transtornos mentais'. Na América, Estados Unidos, México e Brasil são os países mais afetadas por doenças, como a depressão. Por isso, é urgente entender como ela atinge cada pessoa, quais os sinais de alerta e quando é hora de buscar ajuda.

Com a chegada do Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio e da atenção redobrada à depressão, o Jornal da Tarde conversou com o psiquiatra Júlio Peres para debater como a doença pode ser agravada pela situação de pandemia e quarentena. 

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"O isolamento é antinatural, a espécie humana está no planeta há 350 mil anos e perpetuou a espécie por aqui, justamente, por sermos seres sociais. Portanto, estarmos isolados um dos outros, mesmo através dos vínculos virtuais, é uma expressão antinatural, que afeta demasiadamente o psiquismo, as emoções dos indivíduos, adoecendo severamente muitas pessoas, especialmente, em transtornos ansiosos, que compreendem o transtorno do pânico, o transtorno do estresse pós-traumático, as fobias específicas e a depressão. São esses os principais adoecimentos psicológicos durante a quarentena, a pandemia e o isolamento social", explicou.

O psiquiatra ainda apontou que, em 2003, algo muito semelhante aconteceu durante o surto de SARS. Muitos passaram a ser diagnosticados com estresse pós-traumático pela realidade de epidemia. "O número de pessoas traumatizadas aumentou significativamente. Hoje, a população mundial é o maior grupo de risco que já houve no planeta e na história. Então, o número de pessoas traumatizadas é um fenômeno jamais visto no nosso tempo e que, de fato, tem comprometido a saúde mental da população mundial."

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Esses efeitos provocados pela quarentena ainda seriam mais intensos entre aqueles acostumados com a vida urbana e que foram retirados de sua rotina agitada, afirmou Peres. Com isso, é importante que a população consiga identificar os sinais de alerta e procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica o quanto antes.

"Duas das principais emoções que envolvem as expressões humanas estão em curso: o medo, que gera ansiedade, e a tristeza, diretamente vinculada à depressão. Então, expressões agudas e constantes de medo e de tristeza são sinais importantes. A tristeza pode levar o indivíduo ao isolamento em si mesmo, para além do isolamento físico e social. A pessoa fica embotada, apática, tristonha, não tem mais fome, é quase como se ela tivesse se abdicado dela mesma, por meio da tristeza. Na questão da ansiedade, as pessoas que não conseguem dormir, que veem diuturnamente noticiários estão conectadas de uma maneira patológica às notícias ansiogênicas, que geram, cada vez mais, ansiedade. Pessoas irritadiças, que começam a brigar com os próprios familiares ou a criar confusão", apontou o especialista. "Quando esses sinais forem observados pelos familiares, é muito fundamental buscarem ajuda profissional, para que os sintomas não entrem no aspecto crônico e possam adoecer, cada vez mais, esses indivíduos que sofrem seja com depressões ou transtornos ansiosos."

Peres ainda apontou que o momento de pandemia pode ser visto como uma oportunidade para que cada indivíduo estabeleça boas relações e seja "a melhor versão de si mesmo".

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"Atualmente, a esfera emocional é imensamente inflamável e os conflitos podem ser faíscas, que provocam explosões e desastres emocionais e psicológicos, com sequelas, as vezes, irreversíveis. Sejamos todos as nossas melhores versões virtuosas, na tranquilidade, na paciência, na generosidade, especialmente, relacionada ao mais próximo", afirmou o psiquiatra.

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