A mesma tecnologia que está possibilitando o trabalho remoto e o contato com pessoas queridas durante a pandemia também pode ser fonte de estresse. Para isso não acontecer, é necessário equilíbrio – o que tem sido difícil para muita gente, especialmente neste período.
Existem três dimensões do tecnoestresse, segundo a psicóloga Ana Carolina Peuker, cofundadora da BeeTouch, healthtech de avaliações psicológicas para empresas:
- A hiperconexão ou “overdose de tecnologia”, quando a pessoa passa muito tempo exposta a telas, por exemplo.
- A nomofobia, que é o vício em eletrônicos, como não conseguir ficar longe do celular.
- O sentimento de incapacidade diante da tecnologia, que pode surgir da dificuldade em usar alguma ferramenta, entre outras razões.
“Toda essa transformação digital à qual temos sido expostos requer que as pessoas façam adaptações em seus hábitos e rotinas. É necessário aprender a lidar com novas tecnologias o tempo todo, para tudo. Isso gera desconforto psicológico e estresse”, diz Peuker.
Quais são os sintomas do tecnoestresse? Os principais são cansaço, ansiedade, dificuldades de concentração e memória, alterações no sono e no humor.
Dependendo da causa, os sintomas do tecnoestresse podem variar e levar a outros distúrbios e, em casos mais graves, até à depressão. Pessoas hiperconectadas podem ter a sensação de ineficiência, enquanto os “viciados em tecnologia” podem sofrer de FOMO (sigla para “Fear Of Missing Out”, o medo de estar perdendo alguma coisa no mundo online). Já os que enfrentam dificuldades com os eletrônicos podem ser acometidos pela síndrome do impostor, quando desconfiam das próprias capacidades.
“O tecnoestresse é cada vez mais frequente, mas é importante ressaltar que a tecnologia não é vilã. As pessoas é que precisam manejar a relação com ela de forma saudável”, declara a psicóloga.
Para ajudar a monitorar o estresse durante a pandemia, a Beetouch, disponibilizou o Estressômetro, um teste grátis online: www.estressometro.com.br.
Como prevenir e tratar o tecnoestresse? A maior dica é controlar o tempo de exposição à tecnologia, segundo Marcia Dolores Resende, psicóloga pós-graduada em Criatividade e Inovação pela Faap e conselheira em Desenvolvimento Humano e Estudos da Família no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
“Assim como em tudo na vida, o exagero é sempre prejudicial. Se puder evitar o uso de eletrônicos, melhor ainda. Por exemplo, ao invés de criar a lista de supermercado no celular, adote o antigo hábito de escrever em um papel. Ou, em vez de usar agenda digital, compre a tradicional na papelaria. Estas pequenas atitudes evitam que você fique tão refém da tecnologia”, indica.
Desacelerar, fazer uma atividade de cada vez, desabilitar notificações desnecessárias no celular, conectar-se ao momento de presente (a meditação ajuda) e manter um estilo de vida saudável, com boa alimentação e prática de atividade física, também colaboram para a saúde mental.
Dependendo da gravidade do quadro, pode ser necessário procurar ajuda médica profissional, segundo a psicóloga.
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