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Movimento denuncia falha no YouTube que recomenda e monetiza vídeos antivacina

Segundo especialistas, combater a divulgação de vídeos com notícias falsas tornou-se uma questão de saúde pública, já que a ação de grupos negacionistas ou antivacina enfraquece as campanhas de imunização


30/10/2020 12h10

Um movimento científico pró-vacina denunciou falhas nas diretrizes de remoção de conteúdo falso no YouTube. Apesar de recentes mudanças implantadas pela plataforma, vários vídeos com desinformação sobre as vacinas e a Covid-19 continuam no ar.

No vídeo intitulado "A Marca da Besta", o apresentador entrevista uma médica argentina. Ela afirma que o empresário Bill Gates patenteou um microchip com o número 666, programado para controlar a mente dos cidadãos, e que a vacina contra a Covid-19 iria infectar a população com um vírus que destruiria a capacidade das pessoas de acreditar nas religiões.

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"São teorias estapafúrdias que não têm base nem na ciência, nem na realidade", afirmou João Henrique Rafael, analista de comunicação do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto.

A publicação com 940 mil visualizações está no topo de uma lista feita pelo instituto, que mapeou 65 vídeos publicados em 37 canais, entre os dias 2 de março e 21 de outubro. Juntos, os vídeos tiveram quase 4 milhões de visualizações.

De acordo com o levantamento, apenas 7,69% das publicações tinham algum tipo de alerta sobre o conteúdo e 47,7% eram monetizadas.

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"Tanto a plataforma recebe, cobra por isso, quanto ainda ela retorna ao usuário que produziu aquilo uma porcentagem do que ela ganhou. Então, o mecanismo acaba se autofinanciando. Se o sistema continuar assim, a desinformação será lucrativa tanto para a plataforma quanto para o usuário e isso motiva para o que o usuário siga produzindo conteúdo nesse padrão", explicou Rafael.

O YouTube tem uma política sobre a disseminação de informações médicas incorretas sobre a Covid-19 que não permite a publicação de vídeos sobre vacinas contrários ao consenso de especialistas, de autoridades locais de saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A plataforma informou que já removeu mais de 200 mil vídeos que violaram essa política. "Existem conteúdos que estão numa linha muito tênue entre o que é a explicação, a afirmação ou qualquer outra interpretação. Então, nestes casos, eles são menos recomendados ou, principalmente quando acessados por um link direto, os vídeos recomendados após ele, os vídeos que aparecem sugeridos para o usuário assistir, são de fontes oficiais", afirmou Eduardo Brandini, diretor de parcerias para Jornalismo e Esportes do YouTube Brasil.

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Combater a divulgação de vídeos com notícias falsas tornou-se uma questão de saúde pública, porque a ação de grupos negacionistas ou antivacina enfraquece as campanhas de imunização. E, diante do cenário atual de pandemia, o problema se torna ainda mais grave.

"Na área da saúde isso traz um impacto enorme, porque as pessoas, muitas vezes, acreditando nessas notícias, deixam de se vacinar, por exemplo", disse Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Sem dúvida, eu acredito ser essa uma doença digitalmente transmissível, que por vezes pode trazer mais danos, afetar a saúde da população e provocar mais mortes do que as próprias doenças contra as quais essas informações desencontradas são veiculadas."

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