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A mãe do menino Miguel Otávio, 5, morto ao cair do 9º andar de um dos prédios do condomínio de luxo Pier Maurício de Nassau, localizado na área central do Recife, decidiu cursar Direito em 2021 para se tornar advogada.

Mirtes Renata, 33, afirmou em entrevista realizada nesta quinta-feira (26), por telefone, para o site da TV Cultura, que a escolha do curso ocorreu diante de toda essa tragédia que aconteceu em sua vida, ao sentir na pele a morosidade da justiça. Assistir à injustiça na vida de outras pessoas também despertou a vontade em optar pela carreira. “Decidi voltar a estudar, me voltou à cabeça e escolhi o curso de direito para ajudar outras pessoas, acredito que foi uma missão que meu filho me deu", explica.

A mãe de Miguel planejava neste segundo semestre de 2020 iniciar uma graduação em Administração à distância para que tivesse mais tempo para ficar com seu filho e conciliar com o trabalho de doméstica, mas diante da tragédia, decidiu mudar o rumo de sua vida acadêmica.

“Eu tinha duas opções. Ou mergulhar em um mar de luto, ou transformar meu luto em luta. Então, resolvi transformar em luta e fazer faculdade de Direito”, declara.

Para dar prosseguimento ao sonho, ela conseguiu 40% de bolsa, entretanto, planeja ainda ter um desconto integral, assim que ingressar na faculdade.

A Morte de Miguel

O menino morreu ao cair de uma altura de 35 metros do prédio em que Mirtes trabalhava como empregada doméstica para o casal Sérgio Hacker (PSB), prefeito do município de Tamandaré (PE), e Sarí Mariana Gaspar Corte Real, primeira-dama. Hacker tentou reeleição neste ano mas não foi eleito.

“Está sendo muito difícil viver sem o Miguel, porque tudo que a gente faz, por onde a gente passa, nos faz lembrar dele, mas estamos levando. Deus nos dá força para seguir, estamos sobrevivendo um dia após o outro”, relata.

No dia do ocorrido, Mirtes levou o filho para o trabalho porque a creche em que a criança ficava estava com as atividades paralisadas devido à pandemia da Covid-19. Ela tinha saído para levar o cachorro dos patrões para passear e deixou o filho com a patroa Sarí.

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A ex-empregada doméstica está desempregada, mas para pagar suas contas ajuda o pai, que vende churros, e recebe doações.

“Eu não recebi nada da minha questão trabalhista, nem da indenização. Eu preciso tocar minha vida, não posso aguardar esse dinheiro para fazer alguma coisa”, garante Mirtes.

No momento, Mirtes se prepara para trabalhar na ONG Curumim, patrocinada por um coletivo dos Estados Unidos. “Não tem uma área específica [de trabalho], para o que precisar eu estarei apta a prestar serviço. Posso dar palestras, participar de lives e realizar oficinas”, esclarece.

Primeira audiência

A audiência do caso está marcada para o próximo dia 3 de dezembro, e para impulsionar o conhecimento e a atualização para outras pessoas, nesta noite ocorrerá uma live, às 19h, realizada pela Articulação de Negra de Pernambuco em parceria com a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, com transmissão ao vivo no Facebook e Youtube.

Ao falar sobre suas expectativas, ela declara estar bastante confiante e que acredita que irá dar tudo certo. “Espero que ela seja condenada, presa e que realmente a justiça seja cumprida. Estou pedindo muito a Deus para estar ali naquele momento”, diz.

Segundo ela, seu Instagram já foi hackeado. Além disso, de vez em quando, recebe comentários negativos com o intuito de a atingirem diretamente. Até mesmo no Instagram de jornais, Mirtes diz que recebe comentários negativos de pessoas falando que ela quer apenas aparecer.

Apesar disso, afirma receber diariamente muitas mensagens de apoio e de ajuda. "Infelizmente não dá para responder a todos, porque é muita gente e eu fico perdida tentando respondê-los”, finaliza.