Iniciativa tenta impedir crescimento de grupos antivacina no Brasil
Durante a pandemia, o movimento antivacina cresceu 18% no país e reúne mais de 23 mil usuários em duas páginas no Facebook
24/12/2020 15h04
O movimento antivacina cresceu 18% no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Com isso, um grupo multidisciplinar tem trabalhado para combater as notícias falsas e mostrar a importância da ciência e da imunização na prevenção das doenças.
Atualmente, o movimento reúne mais de 23 mil usuários em duas páginas no Facebook. Os grupos funcionam a partir de três eixos: ideológico, com participantes que acreditam mesmo nas inverdades que disseminam; comercial, que tem como objetivo lucrar com os cliques; e político, contrário à obrigatoriedade da imunização.
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"Infelizmente, o discurso da autoridade para essas questões de obrigatoriedade ou até mesmo de individualismo ('quem quiser que tome, eu não vou tomar') é muito perigoso, porque as vacinas não funcionam apenas no eixo individual, elas são uma política pública. Então, é importante que você tenha uma grande quantidade da população vacinada, justamente para o vírus parar de circular e você também proteger as pessoas que, por questões de saúde ou outros motivos, não podem se vacinar. Então, a vacina é uma questão social, de solidariedade", afirmou João Henrique Rafael, idealizador da União Pró-Vacina.
O Brasil tem um dos programas de vacinação mais eficientes e reconhecidos no mundo. Porém, desde 2016, a cobertura vem caindo, o que fez de 2020 o ano com pior índice de imunização em um século. Uma das consequências é o retorno de doenças que já estavam praticamente erradicadas, como o sarampo.
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A solução mais próxima para controlar a pandemia é justamente a vacina, que já vem sendo aplicada em outros países. O idealizador da União Pró-Vacina, uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados (IEA) Polo Ribeirão Preto da USP, lembra que é preciso também combater a desinformação, por meio de programas de educação que orientem a população a distinguir conteúdos confiáveis e o bloqueio de informações falsas nas plataformas.
"Se a sociedade civil e se as autoridades não se organizarem e cobrarem algo realmente sério, vai ser muito difícil enfrentar esse problema, porque é uma batalha assimétrica. A desinformação utiliza recursos que a informação correta não pode utilizar, como o sensacionalismo, causar ansiedade, provocar emoções nas pessoas. Então, é uma batalha muito difícil, o algoritmo dessas plataformas privilegia o lucro em vez da ética", afirmou.
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