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#8M: 6 brasileiras que se destacam na arte de contar histórias para incluir na sua lista de leitura

Público feminino é maioria da população, mas assina apenas 30% dos livros publicados no Brasil


08/03/2021 19h05

Apesar de corresponder a mais da metade dos brasileiros e constituir a maior parcela dos leitores do país, o público feminino está longe de ser igualmente representado nas listas de vencedores de prêmios literários, de membros da Academia Brasileira de Letras e de leitura obrigatória em escolas, vestibulares e universidades.

Segundo um estudo desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, entre 2005 e 2014, 70% dos livros lançados no Brasil eram de autores masculinos. Coletivos em prol da representatividade de minorias na literatura apontam que a discrepância entre os gêneros se deva às dificuldades enfrentadas pelas escritoras para publicarem seus trabalhos. Não que mulheres escrevam menos ou produzam obras de menor qualidade, explicam, mas porque elas lidam com a falta de visibilidade e reconhecimento no meio literário.

Mesmo diante dos empecilhos, cada vez mais figuras femininas têm ocupado o campo das letras e estimulado outras mulheres a conquistarem esse espaço. Com o intuito de prestigiá-las neste Dia Internacional da Mulher, selecionamos 6 escritoras que passaram por programas da TV Cultura para você conhecer e adicionar à sua lista de livros!


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Cora Coralina

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu na cidade de Goiás, em 1889. De família aristocrática, interrompeu os estudos no que hoje equivale ao quarto ano da educação básica, mas já adolescente passou a escrever contos e poemas para jornais do estado. Durante a juventude e o casamento, publicou apenas alguns artigos para periódicos regionais. Chegou a trabalhar como vendedora de livros e doceira para sustentar os filhos.

Foi somente aos 75 anos que conseguiu publicar seu primeiro livro, “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” (1965). Costumava abordar em suas obras episódios da infância em sua cidade natal. Em 1983, foi intitulada Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás e se tornou a primeira mulher a receber o prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores.

Em 2019, o “Vitrine Brasil” explorou a cidade de Goiás, região em que Cora Coralina cresceu, virou doceira e se transformou em uma das personalidades mais importantes do estado.


Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, no município de Sacramento, em Minas Gerais. Filha de analfabetos, migrou para São Paulo, onde passava os dias trabalhando como catadora de materiais recicláveis. Nas poucas horas vagas, registrava nos cadernos que encontrava no lixo seu cotidiano como moradora da comunidade do Canindé, na zona norte da capital paulista.

Os relatos viraram livros. Em 1960, teve sua primeira obra publicada: “Quarto de Despejo”. O “diário” bateu recorde de vendas e chegou a ser traduzido para mais de quinze idiomas e distribuído em cerca de quarenta países. Nos anos seguintes, a escritora lançou “Casa de Alvenaria” (1961), “Pedaços de Fome” (1963) e “Provérbios” (1963). Falecida em 1977, teve alguns de seus manuscritos divulgados postumamente, como o volume “Diário de Bitita” (1982), “Um Brasil para Brasileiros” (1982), “Meu Estranho Diário” (1996) entre outros.

Carolina Maria de Jesus recebeu, no final de fevereiro, o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A TV Cultura exibiu um pouco de sua trajetória no “Jornal da Tarde”.


Clarice Lispector

De origem ucraniana, Clarice Lispector emigrou com a família para o Brasil ainda pequena, fixando-se em Maceió, no Alagoas. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1935 e ingressou na Faculdade Nacional de Direito quatro anos depois. Durante o curso, chegou a trabalhar como jornalista na “Agência Nacional” e no jornal “A Noite” e publicar em outros periódicos e revistas.

Foi com "Perto do Coração Selvagem”, lançado em dezembro de 1943, que entrou de vez para a literatura. A obra, inovadora pela narrativa não linear e pela fusão entre a subjetividade e a objetividade, levou o Prêmio Graça Aranha de melhor romance do ano em outubro de 1944. Marcados pelo estilo introspectivo e pela temática existencial e psicológica, seus trabalhos exploram diversos recursos da poesia, como a metáfora e a sinestesia. Publicou uma série de livros consagrados pela crítica, o último deles, “A Hora da Estrela”, lançado no mesmo ano de sua morte.

Em uma rara aparição na TV, Clarice Lispector respondeu às perguntas do repórter Júlio Lerner, no programa “Panorama”. A entrevista foi feita pouco antes de a escritora falecer.


Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, em 1923. Ainda adolescente, lançou a coletânea de contos “Porões e Sobrados”, com a ajuda financeira do pai. Graduou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas deixou a profissão jurídica para escrever crônicas semanais como colaboradora do jornal “A Manhã”.

“Ciranda de Pedra”, de 1954, marcou sua estreia no gênero romance. Foi com ele que a escritora adquiriu sua maturidade literária, segundo Antônio Cândido. Com um acervo de mais de trinta obras, entre elas “Verão no Aquário” (1964) e “As Meninas” (1973), recebeu uma longa lista de prêmios, com destaque para o Jabuti e o Camões, o mais importante da literatura da língua portuguesa. Atualmente, tem 97 anos e é uma das poucas mulheres membras da Academia Brasileira de Letras.

Em 2013, Manuel da Costa Pinto entrevistou Lygia Fagundes Telles para a Revista Vitrine. Antes, no ano de 1996, a escritora já havia participado do “Roda Viva”.


Conceição Evaristo

Nascida em 1946 na cidade de Belo Horizonte, Maria da Conceição Evaristo de Brito mudou-se para a capital fluminense no início da década de 1970, quando ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É mestra em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.

Teve sua estreia literária em 1990, quando passou a publicar poemas e contos na série “Cadernos Negros”. Suas obras caracterizam-se pela retomada da ancestralidade negra e pela denúncia às opressões de raça, gênero e classe. Entre seus trabalhos, destaca-se “Olhos D’água”, lançado em 2014. A coleção de contos retrata a violência urbana e a desigualdade social que atingem a população negra. Pela obra, recebeu o prêmio Jabuti de Literatura na categoria Contos e Crônicas em 2015, fora uma porção de homenagens por outras produções.

O programa “Metrópolis” acompanhou, em 2017, a série “Ocupação” realizada pelo Itaú Cultural em homenagem à Conceição Evaristo.


Djamila Ribeiro

Mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Djamila Ribeiro é natural da cidade de Santos, no litoral paulista. Já atuou como secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania na capital e, atualmente, é colunista do jornal Folha de S.Paulo.

Autora de “Lugar de Fala”, publicado em 2017, e “Pequeno Manual Antirracista”, seu best-seller, lançado em 2019, coloca em suas obras reflexões a respeito da condição feminina e do racismo. Além de superar a marca de noventa mil cópias vendidas, o último livro lhe rendeu o prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas no ano passado. Em 2019, a escritora foi eleita uma das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo pela BBC.

Em novembro de 2020, Djamila Ribeiro esteve no centro do “Roda Viva”, comandado pela jornalista Vera Magalhães. A escritora e filósofa também foi uma das comentaristas do “Jornal da Cultura” no final de fevereiro deste ano.







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