Covid-19: Estudo aponta que informações divulgadas pelo Ministério da Saúde sobre as vacinas estão incompletas
Entre as informações apuradas, 25 mil nomes de brasileiros indicam que cada um deles recebeu de duas a oito doses do imunizante
12/03/2021 19h43
Estudo conduzido por pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, revelou que informações divulgadas pelo Ministério da Saúde sobre as vacinas contra a Covid-19, em sua maioria estão incompletas, inconsistentes ou indisponíveis.
A pesquisa acessou sites oficiais do Governo Federal entre dezembro de 2020, quando foi lançado o Programa Nacional de Vacinação, e 26 de fevereiro deste ano. Sete categorias de informação que vão desde o planejamento à aplicação dos imunizantes foram avaliadas.
No total, foram apurados 30 itens que deveriam ser acessíveis à população brasileira, entre eles, o painel de análise das vacinas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os painéis de quantidades de insumos, doses adquiridas, distribuídas e reservadas por estado. Dados como informações sobre a cor de pele ou etnia dos vacinados, além do detalhamento de profissionais de saúde e registro dos pacientes também foram avaliados.
A falta de transparência nas informações foi verificada em 22 dos 30 itens, ou seja, em 73% das fontes avaliadas. 37% das informações estavam incompletas, com datas de vacinação e cronograma de entrega das vacinas por fabricante.
Outros 30% não estavam disponíveis, como a quantidade de seringas e agulhas para os estados. 7% apresentavam inconsistência com relação às informações comparadas a outros sites oficiais ou com erros na base de dados. Apenas 27% das informações foram consideradas satisfatórias.
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“Sem transparência, ainda mais sem detalhamento, as pessoas não conseguem saber ou ter ideia de quando elas e sua família serão vacinadas. Em um outro nível, os gestores e pesquisadores também têm dificuldade em planejar políticas públicas de saúde”, explica Fernanda Campagnucci, diretora executiva da Open Knowledge Brasil, organização criada em 2004 sem fins lucrativos, que promove o conhecimento livre.
Um dos casos que mais chamou a atenção dos pesquisadores durante a pesquisa foi o registro de mais de 25 mil nomes, indicando que cada pessoa recebeu de duas a oito doses da vacina contra a Covid-19.
“Sabemos que pode ser um problema do sistema, mas também pode ser uma fraude, caso de uma pessoa que realizou o registro muitas vezes e a vacina foi para outras”, diz Fernanda.
Para o advogado especialista em direito administrativo e constitucional, Pedro Serrano, a não divulgação desses dados, é no mínimo crime de prevaricação, um crime funcional praticado por funcionário público contra a Administração Pública. "Dependendo da situação, pode caracterizar crime de epidemia, e certamente ato de improbidade, porque estão deixando de divulgar algo que é de interesse coletivo, causando prejuízo público”.
Procurado pela TV Cultura, para falar sobre o estudo, o Ministério da Saúde não deu nenhum retorno.
Veja mais em reportagem completa do Jornal da Tarde:
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