Caso Isa Penna: Campanha pede cassação do mandato de Fernando Cury
Movimento 'Por Uma Punição Exemplar' já coletou 14 mil assinaturas e enviou um milhão de e-mails para deputados da Alesp
26/03/2021 15h23
O Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo deve discutir na próxima segunda-feira (29) se aceita a decisão do Conselho de Ética que afastou por três meses o deputado Fernando Cury (Cidadania).
Cury foi flagrado, em dezembro de 2020, apalpando a também deputada Isa Penna (PSOL). A punição determinada pelo Conselho consiste em uma suspensão de 119 dias. Agora, eleitoras lançaram a campanha 'Por Uma Punição Exemplar', visando pressionar os parlamentares a cassar o mandato de Fernando Cury.
O movimento já conta com 14.500 assinaturas. Mais de um milhão de e-mails foram enviados aos deputados. Além da cassação de Cury, a conscientização de que ações como essas não terão mais espaço e a construção de um ambiente civilizado entre homens e mulheres são algumas das demandas da campanha.
"Quando apareceu o vídeo, houve uma mobilização muito grande da sociedade. A coisa foi esfriando, foi para o Conselho de Ética e aconteceu isso, uma pena branda. Quando a gente viu isso, falamos: 'Não é possível'", esclarece a escritora Beatriz Bracher, que está à frente da 'Por Uma Punição Exemplar'. Ela reitera que a situação afeta uma grande quantidade de mulheres em todo o país: "Os homens não se dão conta de como isso é humilhante, acham que 'homem é assim mesmo'. Mas os homens não precisam ser assim, eles não são animais. A mulher é um ser humano que tem que ser respeitado".
"O que aconteceu com a Isa não é uma exceção. O que aconteceu com a Isa é a regra. A raridade está no fato de que a importunação sexual foi filmada, registrada", pontua Mais Diniz, coordenadora do movimento 'Vote Nelas'.
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A defesa de Fernando Cury diz que ele não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la, e chamou o gesto de 'leve e rápido abraço'. De acordo com a Lei de Importunação Sexual, passar a mão no corpo alheio sem permissão é crime com pena de um a cinco anos de prisão.
Em entrevista ao Jornal da Tarde, Isa Penna relembra outras violências às quais já foi submetida na Casa. "Eu tinha oito dias de Câmara Municipal e um deputado me chamou de 'vagabunda', 'terrorista', e [disse] para eu não me surpreender se eu apanhasse na rua", conta.
Ela também aponta que é alvo de críticas de colegas por vídeos que posta nas redes sociais em que aparece dançando. "Posto como uma forma de reafirmar a liberdade do corpo da mulher. Continuarei postando", diz.
Assista a reportagem:
Confira a entrevista com Beatriz Bracher:
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