Fundação Padre Anchieta

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Em tempos de isolamento social, nada melhor que ler boas histórias e ouvir música de qualidade. O maestro Julio Medaglia - apresentador do Fim de Tarde, programa que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 17h, na Rádio Cultura FM de São Paulo - preparou uma playlist especial acompanhada de comentários. Uma verdadeira aula sobre a história da música. Divirta-se com os clássicos:

Depois da chamada “Noite de dez séculos”, na Idade Média, o Ocidente recuperou os valores culturais e artísticos da tradição greco-romana. Na Itália, epicentro dessa revolução, nasceu o Renascimento. A mais sofisticada música vocal da época, séculos XVI e XVII, pode ser ouvida nas peças sacras de Palestrina:


Já no século XVIII, o ser humano aprendeu a fazer música fora do corpo. Criou dezenas de instrumentos que produziam uma vigorosa música, tanto profana como religiosa. Ouçam o brilho desses instrumentos de cordas nas mãos de Vivaldi:


Curiosamente, porém, foi lá da Europa Central que surgiu um compositor que, copiando literalmente a instrumentalidade italiana, codificou toda a gramática composicional da música no Ocidente, tornando-se o maior gênio do estilo barroco :

Com a gramática composicional estabelecida, igualmente na Europa Central iniciou-se – com Haydn e Mozart – a desenvoltura de formas musicais mais longas. Verdadeiros “contos” com início-meio-e-fim narrados apenas com sons. Inclusive em obras “concertantes” – como Vivaldi havia feito nas 4 Estações. Um instrumento solista desafiando uma massa orquestral:

Mas nesse período – o de Mozart e Haydn – chamado de Período Clássico, surge um revolucionário que introduziu as emoções, as angustias e alegrias da alma na música. Deu início ao chamado Período Romântico:

Essa ideia das emoções saltando ilimitadamente através da música, deu impulso a um teatro musicado riquíssimo em todo o século XIX, chamado de ópera. Rossini foi um dos pais do gênero:

A desenvoltura da técnica composicional do século 19, o período romântico, incentivou a criação de “estrelas”, verdadeiros ídolos do palcos, pop-stars da música erudita arrebatando plateias:

As obras sinfônicas se desenvolveram a tal ponto que as sinfonias acabavam se tornando verdadeiras auto-biografias dos compositores. Este é o caso da maior sinfonia do final do romantismo, a Sexta de Tchaikovsky – uma espécie de réquiem que o grande compositor russo compôs para si próprio:

E enquanto ferviam as paixões do romantismo, surge na França o precursor de uma nova música e um novo sentido do espírito musical: Erik Satie. Ele tornou-se “pai” do novo estilo da Belle Epoque, chamado de “Impressionismo”. Ou seja, uma música low-profile , baixa definição, introspectiva, ati-pathos romântico. Verdadeiro “vapor sonoro”:


Mas, quando as pessoas “estavam nas nuvens”, curtindo esse som leve, feiticeiro, onírico, surge um feiticeiro na mesma Paris de Satie, fazendo explodir todos os conceitos musicais de até então, compondo a mais endemoniada música da época. Foi precursora do mais revolucionário período da história e símbolo do século XX: