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Reprodução/Flickr Planalto
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Mais de 200 cientistas de todo o mundo, incluindo três vencedores do Prêmio Nobel, assinaram uma carta em apoio ao povo brasileiro e contra a gestão da pandemia do governo Bolsonaro. O documento foi publicada em 7 de abril.

Glenda Andrade, doutoranda na Universidade Paris 8, com especialidade em migrações, tomou a iniciativa de redigir o documento.

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O texto afirma que se o coronavírus afeta todos os países do mundo, a amplitude da catástrofe sanitária que acomete o Brasil não pode ser dissociada da "gestão desastrosa" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A carta ainda defende que o presidente deve ser responsabilizado pela condução da crise sanitária no Brasil, que além de causar milhares de mortes, acentuou as desigualdades no país.

A carta lembra dos ataques à ciência feitos pelo presidente, ao criticar o isolamento social, defender o uso de cloroquina e faz referência ao corte de verba para as pesquisas científicas em todo país.

Entre os 200 pesquisadores que assinaram o documento, estão os ganhadores do Nobel de Medicina de 2019 e 2020 Michel Mayor e Charles Rice, e do Nobel de Física de 2019, Peter Ratcliffe.

Leia abaixo a íntegra da nota:

"Terça-feira, 6 de abril de 2021: o Brasil contabilizou 4.195 mortes ligadas à Covid-19. Ao todo, mais de 340 mil brasileiros já morreram desde o começo da pandemia. Se o coronavirus atinge todos os países do mundo, a amplitude da crise sanitária no Brasil não pode ser dissociada da gestão catastrófica do presidente Jair Bolsonaro. Ele deve ser denunciado por suas ações, que não apenas fez explodir o número de vítimas, mas acentuou a desigualdade no país.

Em várias ocasiões, o presidente da república do Brasil qualificou a Covid-19 como “uma gripezinha”, minimizando a gravidade da doença. Criticou as medidas preventivas, como o isolamento físico e a utilização de máscaras, e provocou inúmeras vezes aglomerações populares. Defendeu pessoalmente o uso da cloroquina, apesar de cientistas terem advertido sobre os efeitos tóxicos de sua utilização. Os pesquisadores que publicaram estudos científicos demonstrando que a utilização do medicamento aumentava o risco de morte de pacientes com Covid foram ameaçados no Brasil. Bolsonaro igualmente desencorajou a vacinação, chegando a sugerir, por exemplo, que as pessoas poderiam se transformar em “jacaré”. Entre o negacionismo, a proliferação de informações falsas e os ataques contra a ciência em plena crise sanitária, Bolsonaro mudou quatro vezes de ministro da Saúde.

A ciência no Brasil está sob fogo cruzado. De um lado, cortes orçamentários que golpeiam a pesquisa e ameaçam o trabalho de cientistas; de outro, a instrumentalização da ciência para fins eleitorais, como mostram as declarações do presidente. Não é possível esquecer também os ataques de Bolsonaro ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), num contexto alarmante de altos níveis de desmatamento na Amazônia.

Negando a ciência, Bolsonaro não apenas atinge a comunidade científica, mas a sociedade brasileira em sua totalidade. Os números da devastação desde o início da pandemia só faz aumentar; de acordo com os dados da Fiocruz, quase 92 novas cepas de coronavirus foram identificadas, transformando o país numa verdadeira usina de variantes, e a estas estatísticas deve-se acrescentar os impactos sobre o meio-ambiente, sobre povos tradicionais da Amazônia e sobre o clima em todo o mundo.

Neste contexto de crise sanitária, agravamento da desigualdade e mudança climática, este tipo de comportamento é inaceitável e o presidente deve ser responsabilizado por seus atos. Estamos preocupados com o agravamento da crise no Brasil e os ataques à ciência. Nesta carta aberta, queremos manifestar nossa solidariedade com nossos colegas no Brasil, cuja liberdade está ameaçada. Manifestamos igualmente nossa solidariedade com a população brasileira, que vem sendo diariamente afetada por esta política destruidora."