Fundação Padre Anchieta

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Reprodução/Instagram
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Com o objetivo de criticar a realização de testes cosméticos em animais, recentemente a Humane Society International (HSI) em união com cineastas e celebridades mundiais lançou o curta-metragem “Save Ralph”.

Na produção, o coelho Ralph conta como é o dia a dia nos laboratórios e relata as consequências causadas pelos testes. Após seu lançamento, a comoção nas redes se tornou presente e inúmeras marcas foram questionadas por internautas e se posicionaram em relação a produção de seus produtos.


Cruelty free

Produtos que se encaixam na categoria cruelty free são aqueles em que não se realiza testes em animais. Embora proibida em 40 países, a testagem continua sendo realizada na maior parte do mundo. Em entrevista ao site da TV Cultura, Catalina Portales gestora na América Latina da ONG Te Protejo declarou que “através de uma mensagem simples e clara, o curta consegue viabilizar a realidade cruel dos experimentos cosméticos frente a todas as pessoas que até agora desconhecem este fato”.

Para ela, atualmente a sociedade está muito mais preocupada com a filosofia por trás das marcas que consome diariamente, e por isso, um dos trabalhos da ONG é informar, educar e facilitar a busca de informações. Além de viabilizar a realidade dos testes, aumentar a conscientização sobre alternativas e opções de marcas Cruelty Free. Hoje, a Te Protejo está presente em seis países da América Latina: O Brasil, Chile, México, Argentina, Colômbia e Peru.

Além disso, tem parceria com a HSI e juntas divulgam a campanha “Be Cruelty Free” por toda a América Latina, para assim, conscientizar a cidadania.

Entre as mudanças que podem ser desencadeadas por influência das ações dos consumidores, Catalina destaca a importância do consumo por produtos certificados. “Isso já significa uma declaração de que estamos preferindo marcas com uma filosofia e políticas que respeitem os animais. Quanto mais as pessoas mudam suas escolhas de compra para uma mais consciente, mais as marcas vão querer adotar práticas éticas para continuar atingindo seus consumidores”.


Por outro lado, ela expõe que questionar e pressionar as marcas que ainda não mudaram seus métodos de teste também é uma medida importante, e que mostra preocupação e conscientização em relação a essa questão.

Os testes

De acordo com o Laboratório de Investigação Alternativa (LIALT), em média 150 animais são usados a cada pesquisa por produto, sendo os mais procurados: os camundongos, porquinhos-da-índia e coelhos.

Entre os testes mais comuns e conhecidos estão o Draize e Dose Letal 50 (DL50). O primeiro busca medir a irritação dos olhos ou da pele ao depositar um determinado insumo ou produto acabado na pele ou olho de um animal, para assim determinar quão danificada ficará a pele ou olho após um período de tempo e, estimar, por exemplo, a quantidade a ser usada para uso seguro por humanos.

Já no segundo, um certo número de animais é levado a ingerir um produto em determinado período de tempo. O processo é finalizado após metade dos animais utilizados morrer. Nesse momento, a toxicidade do produto e também o uso adequado e máximo por um ser humano é determinado.

Algumas das consequências sofridas pelos animais são cegueira, irritação aguda da pele e dos olhos, intoxicação e, em última instância, como ocorre no teste DL50, a morte do pelo de pelo menos metade da população de animais utilizada durante a prática. 

Redes sociais e informação

A conta @vegetarianos.online criada por Wil Lemansch há alguns anos informa sobre produtos que são 100% livres de qualquer tipo de crueldade. 

Ao falar sobre o retorno que recebe diariamente dos internautas, ele afirma serem positivos, já que aborda sobre produtos utilizados no dia a dia. “As pessoas sempre falam que são surpreendidas e dizem não imaginar que as marcas realizam testes ou alguma outra atrocidade”.

Para a publicação e veiculação dessas informações, realiza toda uma apuração sobre a marca e seus produtos ao utilizar um questionário criado por ele mesmo e que é encaminhado para algum responsável da empresa capaz de respondê-lo.

As perguntas chave do questionário questionam se a empresa realiza testes, se terceiriza e se os fornecedores realizam. Além disso,  também aborda as ações realizadas pelos patrocinadores, questões ambientais, escravidão e eventos promovidos. Todas as questões levantadas lhe possibilitam entender a filosofia da marca e a passar uma informação verdadeira aos internautas, já que durante esse processo de pesquisa sobre empresas, muitas pessoas acabam divulgando nas redes o que veem de maneira superficial.

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“Como uma empresa que se posiciona como amiga dos animais vai patrocinar um evento de crueldade como os rodeios? Por isso também pergunto sobre os eventos e em seguida discorro sobre os produtos em si, quais são livres de ingredientes de origem animal e se tem selo”, explica.

Ciência

Marize Campos Valadares representante dos Laboratórios vinculados a Rede Nacional de Métodos Alternativos e Coordenadora de subárea de Métodos Alternativos da Associação Latino-Americana de Toxicologia Ambiental, Experimental e de Nanomateriais AstoxiLatin, com pós doutorado no Centro de Alternativas à Experimentação Animal da Universidade Jonhs Hopkins, relata que os testes em animais foram importantes durante a história para o avanço do conhecimento, entretanto, afirma que atualmente já se sabe que a biologia animal é diferente da biologia humana, o que impede o modelo animal de ser o modelo de escolha para prever os efeitos em humanos.

“Os testes em animais são mais demorados, caros e de menor capacidade preditiva. Temos que pensar que um homem não é um rato de 70kg. Por exemplo, o teste de irritação dérmica que ainda é realizado em animais não possui amplamente a capacidade de prever os efeitos na pele humana”. 

De acordo com Marize, existe uma ampla variedade de testes, e toda experimentação animal deve ser submetida às Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs), que se preocupam com o bem estar dos animais utilizados em experimentação. “Todos os experimentos de empresas e instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa que trabalham com experimentação animal devem se submeter a esta Comissão”, declara.

“Acredito que a ciência tem avançado muito e tem oferecido soluções de melhor qualidade para avaliação de produtos sem o sofrimento de animais. A sociedade também está mudando e o mercado vem se adaptando a estas mudanças para atender as demandas dos consumidores”.

Na área de alergenicidade, por exemplo, é possível substituir o uso dos animais. Guias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) podem ser usados para realizar a substituição, o que possibilita verificar se o produto vai causar alergia ou não. Fora isso, também existem modelos alternativos para avaliação de irritação ocular.