Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo afirmou que a imunidade de rebanho dentro do Sars-Cov-2 é impossível de ser atingida.

Na ocasião, ela foi questionada pelo senador Humberto Costa (PT-PE). "No Brasil, o governo adotou uma estratégia de enfrentar a pandemia com a busca por uma imunidade natural, de rebanho ou coletiva. Isso justificaria as ações e omissões do governo, como por exemplo, sabotar as medidas de afastamento social, demorar na aquisição de vacinas. A senhora acredita que essa hipótese é verdadeira?", perguntou.

Para responder a esta questão, a médica explicou como funciona o coronavírus. "Nós estamos falando de uma infecção por um vírus RNA [...] RNA é um tipo de material genético que a gente tem e esse tipo de material genético que existe na natureza, ele tem uma tendência a sofrer mutações com muita facilidade", diz. "Enquanto nós estamos conversando aqui, o vírus está mutando centenas de vezes", exemplifica.

"Isso tudo é para explicar que uma imunidade de rebanho natural dentro do Sars-Cov-2 e da doença Covid-19 é impossível de ser atingida. Não é uma estratégia inteligente", afirma.

A especialista ainda explica que é possível fazer isso com a vacinação, porque "a gente consegue induzir uma resposta ao mesmo tempo e muito mais sólida, aparentemente, do que a infecção natural, e em um período de tempo mais curto. Então, a gente consegue mobilizar aquelas pessoas, o sistema imunológico delas, ao mesmo tempo de forma mais clara", diz.

"A gente atinge a imunidade de rebanho com a vacinação sem sofrimento. Eu não posso imputar sofrimento e morte a uma população simplesmente pensando em atingir uma imunidade de rebanho", acrescenta Luana.

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