Perfil no Facebook que foi banido da rede era acessado em endereços ligados a Bolsonaro

Em investigações sobre as contas falsas banidas do Facebook em junho de 2020, a Polícia Federal (PF) identificou que um desses perfis era operado em endereços ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é o Palácio do Planalto (sede do governo) e a casa da família na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

As informações estão nos relatórios produzidos durante a investigação do inquérito dos atos antidemocráticos, aberto em abril de 2020, que investigava a organização de manifestações que defendiam a volta dos militares ao poder e atacavam instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal.

A PF analisou e identificou contas declaradas inautênticas pelo Facebook com base em um relatório produzido pela Atlantic Council, que faz análises de sobre remoções de perfis que possuem um “comportamento inautêntico coordenado”.

Assim, os agentes identificaram 80 contas inautênticas usadas para difundir informações antidemocráticas. Com essas informações em mãos, as operadoras de internet foram intimadas a compartilhar os IPs (número de identificação do computador ou celular) dos terminais usados para administrar esses perfis e a localização de acesso deles.

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A partir das informações das operadoras, as autoridades concluíram que, pelo menos, 1.045 acessos desses perfis partiram de órgãos públicos, incluindo Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado e Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército. Além disso, a PF identificou que a conta do Instagram chamada Bolsonaro News e o perfil do Facebook de Tércio Arnaud Thomaz, que é assessor do presidente, foram acessadas nos endereços ligados a Bolsonaro.

Na casa de Bolsonaro, os acessos foram feitos em novembro de 2018. No Palácio do Planalto, foram mais de cem só ao perfil Bolsonaro News entre novembro de 2018 e maio de 2019.

A página Bolsonaro News compartilha memes para atacar adversários e ex-aliados de Bolsonaro. Essa seria uma das táticas usadas pelo "Gabinete do Ódio", segundo a Atlantic Council.