Cristiano Carvalho, representante no Brasil da Davati Medical Supply, disse à CPI da Covid, nesta quinta-feira (15), que o aúdio do deputado Luis Miranda (DEM-DF) exibido pelo policial militar Luiz Dominghetti, durante depoimento à comissão, era sobre negociações relacionadas a luvas e não a vacinas.
Cristiano Carvalho ainda classificou Dominguetti como “ingênuo” ao reproduzir a gravação. Ele disse acreditar que Dominguetti não “agiu de má fé” e que em nenhum momento o orientou para que divulgasse o material. "Ele foi mal orientado ou induzido, e não fui eu", disse aos senadores.
Em 1º de julho, Dominguetti disse aos senadores que Miranda tentou negociar a compra de vacinas diretamente com a Davati. Em seguida, ele exibiu um áudio do deputado.
Durante o depoimento
Nesta quinta-feira (15), Cristiano Carvalho também afirmou à CPI da Covid que Dominghetti lhe informou sobre um pedido de "comissionamento" na negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Disse ainda que, segundo Dominghetti, o pedido partiu do "grupo do tenente-coronel Blanco".
O depoente disse ainda que o valor de US$ 1 não foi mencionado a ele. "Só para reforçar, o valor de US$ 1 nunca me foi mencionado. Porque também é uma coisa tão absurda que ele nunca chegou a me dizer isso. Só falou que havia sido pedido um comissionamento", relatou.
O pedido de convocação do depoente foi feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE). Em seu requerimento, Costa cita reportagem da Folha de S.Paulo de 29 de junho, que mostra que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propina no valor de U$ 1 por dose de vacina.
Segundo relato feito ao jornal por Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati, a proposta da propina se deu em 25 de fevereiro, em encontro com Dias no restaurante Vasto, em Brasília.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19 por U$ 3,50, mas o preço acabou inflado para U$ 15,50, devido aos "bastidores asquerosos e tenebrosos" de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti na reportagem. A matéria da Folha de S.Paulo esclarece que chegou a Dominghetti devido a informação repassada por Cristiano Carvalho. Ainda segundo o jornal, o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão.
Dias foi exonerado do cargo no mesmo dia em que surgiram as denúncias, já prestou depoimento à CPI e negou ter pedido propina, afirmando que Dominghetti é um "picareta".
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