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“O atual governo, se pudesse voltar atrás, imporia a ideologia que predominou na ditadura”, alerta Laurentino Gomes

Entrevistado do Roda Viva desta segunda-feira (19), o escritor abordou os desafios impostos à educação no Brasil hoje


19/07/2021 23h25

Autor de Escravidão – Volume II, o jornalista Laurentino Gomes esteve no centro do Roda Viva desta segunda-feira (19). Na edição, ele mencionou as transformações no ensino de História no Brasil.

A apresentadora Vera Magalhães o questionou sobre o que é necessário para que a disciplina se torne mais realista e condizente com os fatos ocorridos no período escravocrata. Segundo o escritor, ainda que desafios sejam impostos à educação hoje, houve melhora em comparação com a época em que esteve na escola.

Leia também: Laurentino Gomes: “Brasil não protege seu patrimônio histórico, artístico e cultural”

“Quando eu estava no Ensino Fundamental, eu mal passei pela escravidão. Se eu ouvi falar da Lei Áurea e da Princesa Isabel foi muito. Hoje já existe na grade curricular brasileira, nos livros didáticos, a obrigatoriedade da história da África, da história negra”, expôs.

Entre as dificuldades ao ensino de História no país hoje, Gomes destacou a atuação da gestão federal. Para ele, a exaltação ao regime militar e a defesa de escolas sem partido limitam a liberdade de aprender e ensinar, bem como restringem debates plurais nos colégios.

“O atual governo, se pudesse voltar atrás, imporia a ideologia que predominou durante a ditadura militar, em que essas coisas não eram tema de livros didáticos e sala de aula. Por isso que se fala tanto de escola sem partido: engessar os professores, impor uma ideologia e não permitir discussão a respeito de ideias antagônicas e divergentes”, criticou.

O escritor ainda alertou sobre os impactos das eleições na educação do país. De acordo com ele, para evitar que o ensino seja censurado e desvalorizado, é fundamental que a população brasileira voto de forma consciente nas urnas.

“Se insistirmos em fazer opções racistas e retrógradas, isso caminha para trás. Então, é muito importante termos consciência que o racismo e o antirracismo são componentes importantes na hora de depositar o voto na urna, porque isso vai se refletir nas escolas, na educação, nos livros didáticos, no comportamento ou não dos professores em sala de aula”, advertiu.

Assista ao trecho:

Participaram da bancada de entrevistadores Eliana Alves Cruz, escritora, jornalista e roteirista; Michael França, pesquisador do INSPER e colunista da Folha de S. Paulo; Paula Carvalho, historiadora e editora da Revista Quatro Cinco Um; Pedro Doria, editor do Canal Meio e Rosane Borges, jornalista e pesquisadora da ECA-USP.

Assista ao programa na íntegra:

O programa vai ao ar às 22h, na TV Cultura, no site da emissora, no canal do YouTube, no Dailymotion, nas redes sociais Twitter e Facebook.

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