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Lichtenstein aponta lógica eugenista em fala de Bolsonaro: "muito mais perverso do que simplesmente não acreditar na ciência"

Diretor técnico do HC integrou a bancada do Jornal da Cultura nessa segunda-feira (11)


12/05/2020 15h59

Com o avanço da pandemia em todo o Brasil, mais de 11 mil mortes já foram registradas em apenas dois meses e muitos têm criticado a negligência do governo Bolsonaro em tomar medidas para combater o coronavírus. No Jornal da Cultura, o diretor técnico do Hospital das Clínicas, Arnaldo Lichtenstein, comentou uma fala do presidente em que ele chama a pandemia de "neurose".

"Não é um negacionismo da ciência, é uma linha de raciocínio muito diferente e cruel. Sabe-se que a epidemia vai passar quando 50% a 70% das pessoas estiverem imunizadas, ou com vacina ou pegar a doença. Quando se pega isso o vírus arrefece. São 140, 120 milhões de pessoas. Com isso, o que vai acontecer quando as pessoas não defendem o isolamento? Não se fecha comércio, a economia não para, o governo não precisa colocar dinheiro na economia, as pessoas que vão morrer muitas são os idosos, aí tem a fala: 'mas já ia morrer mesmo' ou as pessoas que já tem doença; e vão ficar os jovens e atletas. Então se a gente pegar pedaços da fala tem uma lógica intensa. Isso chama eugenia, lembre-se de que sistema político mundial usava isso", explicou.

A teoria da eugenia, que defende a seleção dos "mais fortes", foi utilizada durante o regime nazista como justificativa para a morte de milhares de pessoas.

O médico ainda apontou que há um pensamento perverso em dar atenção à economia antes da saúde. "Então, quando você fala: 'que morram os vulneráveis para a gente ter uma geração saudável', pode ser que esteja permeando essa história de 'vamos acabar logo com essa tortura, não vamos ter o derretimento da economia'. É uma coisa muito mais perversa do que simplesmente não acreditar na ciência, é um outro tipo de teoria que pode ser muito pior do que isso", completou.

Confira a fala na íntegra:

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