A família de Tadeu Frederico de Andrade, um paciente internado na Prevent Senior para tratamento da Covid-19, acusa a rede hospitalar de recomendar a adoção de um tratamento paliativo, medida adotada apenas em pessoas com doenças incuráveis, mesmo ele não estando em estado terminal.
Tadeu e a família provam que a rede adotou essa postura. Em documentos entregues ao Ministério Público de São Paulo (MP/SP) mostram que os médicos fizeram um prontuário onde a médica orienta a suspensão de diversos procedimentos, como medicação intravenosa e hemodiálise, e também pede que o paciente não seja submetido a manobra para reanimação cardiorrespiratória.
Os familiares de Tadeu alegam que faltou pouco para o tratamento paliativo e a suspensão de cuidados serem adotados.
O paciente é um advogado e ficou internado em um hospital da rede Prevent Senior por 120 dias para tratamento da Covid-19. Neste período, ele chegou a receber o “Kit Covid”, o conjunto de remédios sem eficácia contra a doença.
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Em nota, a Prevent Senior afirmou que a rede não toma decisões com base em custos e que, no caso em questão, a empresa deu todo suporte ao paciente, acatando a vontade dos familiares.
Denúncia
A denúncia de Tadeu e sua família foi feita após sua internação. Ele teve os primeiros sintomas da Covid-19 em 24 de dezembro de 2020. Já no dia seguinte, fez uma teleconsulta na Prevent Senior e foi orientado a tomar medicamentos do “Kit Covid”.
Em 26 de dezembro, ele recebeu os medicamentos em casa. Mas, em 30 de dezembro, Tadeu teve uma piora no quadro e foi para o pronto-socorro da Prevent Senior. No dia seguinte, foi diagnosticado também com pneumonia bacteriana, intubado e transferido para a UTI.
Um mês após a internação, a família foi procurada por uma médica e ela disse que iria iniciar os “cuidados paliativos” para proporcionar mais “conforto e dignidade”, pois tinha poucos dias de vida. A medida não foi aprovada pelos parentes. Mesmo assim, orientações de suspensão de medicações e de cuidados paliativos foram inseridas no prontuário no dia 30 de janeiro.
Diante desse cenário, a família foi ao hospital e ameaçou tomar medidas judiciais para impedir os cuidados paliativos. Após a reunião, os médicos voltaram atrás da decisão.
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Em 30 de abril, após 120 dias de interação, Tadeu recebeu alta e foi para casa, onde continuou tratamento com fisioterapia e curativos diários.
Prevent Senior na CPI da Covid
Na última semana, o diretor da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, foi uma das testemunhas na CPI da Covid. Durante sua fala, ele confirmou que a empresa de planos de saúde orientou que os médicos modificassem o código de diagnóstico (CID) de pacientes com Covid-19 após algumas semanas internados.
Com as informações colhidas no depoimento, ele passou de testemunha para investigado pela Comissão Parlamentar.
O senador Otto Alencar declarou, nesta segunda (27), que a comissão tem provas de que a Prevent realizava "eutanásia disfarçada" em casos como o de Tadeu.
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