Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, foi internado com Covid-19 no dia 27 de março de 2021 no Hospital São Camilo, em São Paulo. Mesmo com um período de melhora no primeiro mês, Carlos teve complicações e foi internado na UTI do local.
Com melhoras e pioras no quadro de saúde, passando por intubações e até um AVC, os meses foram passando. Depois de uma melhora e com o início de um período de recuperação, Carlos recebeu alta do hospital apenas na última segunda-feira (4), totalizando 191 dias de internação desde março. Os meses de tratamento no Hospital São Camilo totalizaram também uma conta de R$ 2,6 milhões para ele e a família.
O site da TV Cultura conversou com Juliana Higa, 37, filha de Carlos, que acompanhou todo o processo de internação e recuperação do pai. “O hospital até entrava em contato para avisar que a conta estava subindo. Meus pais tinham uma reserva justamente para essas ocasiões, então no início estávamos conseguindo pagar”, contou.
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A decisão pelo hospital particular veio do medo da falta de vagas em hospitais públicos: “No desespero, logo procuramos um hospital particular para não passar por falta de oxigênio ou algo do tipo. Não pensamos duas vezes quando a vaga no Hospital São Camilo surgiu”.
Mesmo com as economias da família, as contas continuavam subindo. Juliana contou que foi um susto saber do valor total. “Colocar um valor na vida de uma pessoa que é tudo para você - meus pais são tudo para mim - é complicado. Então deixamos ele internado sabendo que as contas estavam subindo. Sabíamos que ia ficar alto, mas não tão alto assim”.
Entretanto, segundo Juliana, por muitos meses a preocupação foi com a saúde de Carlos, e revelou que, durante a internação, só se importava em ter seu pai com ela. “Dinheiro conseguimos correr atrás depois. Trabalhamos, batalhamos, fazemos vaquinha, enfim. A vida do meu pai valia qualquer esforço que pudéssemos fazer”, contou a filha.
Essa batalha que Juliana citou envolve a vaquinha online, chamada "Ajuda para Massatoshi Higa (o Seu Carlos da Banca de jornal)", criada em abril deste ano para ajudar a família a quitar a dívida de R$ 2,6 milhões com o hospital. Ela deixou claro que a família nunca desistiu de pagar, e que agora com o pai fora do hospital e em recuperação, podem focar em juntar o montante.
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“Essa doença acaba com a gente fisicamente, psicologicamente e financeiramente. Agora é outra luta, uma luta financeira”, desabafou Juliana. Além da vaquinha, a venda da banca de jornal onde Carlos trabalhou também está nos planos. “Foram 21 anos trabalhando na banca sem tirar férias, sem décimo terceiro, sem nada. Ele já disse que está cansado e que quer descansar. Então o valor da venda também vai entrar no montante para a futura negociação com o hospital”, explicou.
Próximos passos
Com Carlos em casa, em recuperação e com sequelas motoras, Juliana deixou claro que a família entrará em contato com o Hospital São Camilo para negociação. “Queremos muito pagar, se tiver que negociar a gente negocia. O hospital forneceu tudo que meu pai necessitava para se recuperar. Não faltou atendimento, não faltou cuidado e em momento algum nos trataram de forma diferenciada, mesmo sabendo que a conta estava aumentando”.
Segundo ela, a família já tem um advogado no caso para intermediar a conversa com o hospital de São Paulo. Antes de entrar nessa “luta financeira”, como chamou, Juliana não imaginou que a história de seu pai chegaria na mídia. “Fiz uma postagem agradecendo às pessoas que já tinham ajudado, e citei o valor de R$ 2,6 milhões mais como um desabafo [risos]. Não imaginei nunca na minha vida que tomaria essa proporção toda”, disse.
Quando questionada se faria tudo de novo, Juliana não hesitou: “Sem pensar duas vezes. Nem que eu demore 50 anos para pagar essa dívida enorme, eu vou pagar. Pelos meus pais, eu faço qualquer coisa”.
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