Denúncia sobre proxalutamida é uma das mais graves da história da América Latina, diz Unesco
Em comunicado, a organização fez referência às 200 mortes suspeitas de voluntários no Amazonas
11/10/2021 09h10
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) publicou uma nota sobre uma possível infração ética gravíssima na denúncia de 200 mortes de voluntários na pesquisa com medicamento proxalutamida no estado do Amazonas.
No site da Rede Latino-americana e Caribenha de Bioética (Redbioética-Unesco), o pronunciamento faz referência à denúncia da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), encaminhada à Procuradoria-Geral da República no início de setembro.
“Consideramos que este pode ser um dos episódios mais graves de infração à ética em pesquisa e violação dos Direitos Humanos dos participantes da história da América Latina, envolvendo a morte suspeita de 200 pessoas, portanto é imprescindível que esses tipos de eventos sejam investigados em profundidade”, afirmou o comunicado.
Segundo a Unesco, há uma suspeita de que o comitê científico de pesquisa, uma exigência para execução e supervisão de ensaios clínicos, tenha sido elaborado por pessoas com vínculos aos patrocinadores da pesquisa, o que configura um conflito de interesses.
“Quanto à denúncia, seria igualmente condenável se os pesquisadores, apesar de terem conhecimento dos óbitos sucessivos, não tivessem apresentado uma análise crítica dos mesmos, bem como dos eventos adversos graves e optassem por continuar com o recrutamento e a execução dos estudos”, acrescentou.
No relatório direcionado à PGR, a Conep exaltou que os responsáveis pela pesquisa desrespeitaram quase todo o protocolo aprovado pela comissão no início do ano. De acordo com o documento, o protocolo foi aplicado em fevereiro, no Amazonas, sem autorização. A pesquisa havia sido autorizada com 294 voluntários, mas, no total, foram 645 pessoas.
“Nenhuma emergência sanitária, ou contexto político ou econômico, justifica fatos como aqueles que, segundo o que foi divulgado e atento ao que foi denunciado, teriam ocorrido no Brasil”, afirmou a Unesco.
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